Dylvardo Costa Lima
30 de jan de 202125 min
Atualizado: 31 de jul de 2022
MÚSICA: We shall overcome (Song for Gaza)
ROGER WATERS
We shall overcome
We shall overcome
We shall overcome some day
Deep in my heart
I do believe
That we shall overcome
Someday
And we’ll walk hand in hand
we’ll walk hand in hand
we’ll walk hand in hand one day
Deep in my heart
I do believe
That we will walk hand in hand
One day
And we’ll break down the prison walls
We will tear down those prison walls
Together we will tear down the prison walls on that day
Deep in my heart
I do believe
That we will tear down all those prison walls
on that day
Deep in my heart
I do believe
That we will tear down those prison walls
on that day
And the truth will set us free
The truth will set us free
The truth will set us all free
On that day
And, deep in my heart
I do believe
That the truth will set us all free
And we shall overcome
On that day
https://www.youtube.com/watch?v=CAB2HFl1Z2k
TRADUÇÃO
Nós devemos superar
Nós devemos superar
Devemos superar algum dia
No fundo do meu coração
eu acredito
Que devemos superar
Algum dia
E vamos andar de mãos dadas
vamos andar de mãos dadas
vamos andar de mãos dadas um dia
No fundo do meu coração
eu acredito
Que vamos andar de mãos dadas
Um dia
E vamos derrubar os muros da prisão
Vamos derrubar aquelas paredes da prisão
Juntos, vamos derrubar os muros da prisão naquele dia
No fundo do meu coração
eu acredito
Que vamos derrubar todas as paredes da prisão
naquele dia
No fundo do meu coração
eu acredito
Que vamos derrubar as paredes da prisão
naquele dia
E a verdade nos libertará
A verdade nos libertará
A verdade vai nos libertar
Naquele dia
E, no fundo do meu coração
eu acredito
Que a verdade nos libertará
E nós devemos superar
Naquele dia
MÚSICA: DIME
JOSÉ LUIZ PERALES
Dime por qué la gente no sonríe
Por qué las armas en las manos
Por qué los hombres malheridos, dime
Dime por qué los niños maltratados
Por qué los viejos olvidados
Por qué los sueños prohibidos, dime
Dímelo Dios quiero saber
Dime por qué te niegas a escuchar
Aún queda alguien que tal vez rezará
Dímelo Dios quiero saber
Dónde se encuentra toda la verdad
Aún queda alguien que tal vez lo sabrá
Dime, por qué los cielos ya no lloran
Por qué los ríos ya no cantan
Por qué nos has dejado solos, dime
Dime por qué las manos inactivas
Por qué el mendigo de la calle
Por qué las bombas radioactivas
Dímelo Dios quiero saber
Dime por qué te niegas a escuchar
Aún queda alguien que tal vez rezará
Dímelo Dios quiero saber
Donde se encuentra toda la verdad
Aún queda alguien que tal vez lo sabrá
Pero yo no
Dime por qué la gente no sonríe
Por qué las armas en las manos
Por qué los hombres malheridos
Dime, dime por qué los niños maltratados
Por qué los viejos olvidados
Por qué los sueños prohibidos
Dime, dime por qué los cielos ya no lloran
Por qué los ríos ya no cantan
Por qué los has dejado solos
Dime, dime por qué las manos inactivas
Por qué el mendigo de la calle
Por qué las bombas radioactivas
Dime, dime por qué la gente no sonríe
Por qué las armas en las manos
Por qué los hombres malheridos
TRADUÇÃO:
Diz me
diz me
porque as pessoas não sorriem
porque as armas nas mãos
porque os homens feridos
diz me
diz me
porque as crianças maltratadas
porque os velhos esquecidos
porque os sonhos proibidos
diz me
Diz me Deus quero saber
porque te recusas a ouvir
ainda há alguém que talvez tenha rezado
Diz me Deus quero saber
onde está toda a verdade
ainda há alguém que talvez saiba
diz me
porque os céus já não choram
porque os rios já não cantam
porque nos deixaste sozinhos
diz me
diz me
porque as mãos inativas
porque o mendigo da rua
porque as bombas radioativas
diz me
Diz me Deus quero saber
porque te recusas a ouvir
ainda há alguém que talvez tenha rezado
Diz me Deus quero saber
onde está toda a verdade
ainda há alguém que talvez saiba
mas eu não
LIVRO: DIÁRIOS DE BERLIN 1940-1945
MARIE VASSILTCHIKOV
Os diários que a princesa russa Marie Vassiltchikov manteve entre 1940 e 1945, durante seu exílio na Alemanha e em Viena, são um dos documentos mais notáveis que emergiram da guerra, considerados até hoje o único depoimento extenso contemporâneo desses acontecimentos, com notas tomadas no calor da hora. Testemunha "privilegiada" de um dos capítulos mais dramáticos da Segunda Guerra Mundial, Marie Vassiltchikov nasceu na Rússia em 1917 e, devido à sua origem nobre, em tempos de Revolução, cresceu como refugiada com sua família na Alemanha, na França e na Lituânia.
FILME : CABRA MARCADO PARA MORRER
DIRETOR EDUARDO COUTINHO
Início da década de 60. Um líder camponês, João Pedro Teixeira, é assassinado por ordem dos latifundiários do Nordeste. As filmagens de sua vida, interpretada pelos próprios camponeses, foram interrompidas pelo golpe militar de 1964. Dezessete anos depois, o diretor retoma o projeto e procura a viúva Elizabeth Teixeira e seus dez filhos, espalhados pela onda de repressão que seguiu ao episódio do assassinato. O tema principal do filme passa a ser a trajetória de cada um dos personagens que, por meio de lembranças e imagens do passado, evocam o drama de uma família de camponeses durante os longos anos do regime militar. Um filme de arte e imperdível. (ꙪꙪꙪꙪꙪ/5)
FILME: A ÚLTIMA NOTA
PATRICK STEWART E KATE HOLMES
“A Última Nota” é um filme que nos traz interessantes e ricas abordagens, que tem como fios condutores a música e arte. Ele nos apresenta uma emblemática história em que o artista já não possui mais inspiração e precisa buscar uma reconexão ao que o motiva, e mostra que amizade, carinho e compreensão, são as ferramentas para que isso venha acontecer. Um verdadeiro filme de arte e imperdível. (ꙪꙪꙪꙪꙪ/5)
Faz 04 anos hoje (30.04.2017), que a estrela de Belchior está brilhando mais intensamente no céu…Viva Belchior.
BELCHIOR, O POETA LATINOAMERICANO
Escrito originalmente em 30/04/2017 e atualizado em 30/04/2019
Dylvardo Costa Lima
Aqui vai uma homenagem
Ao eterno ídolo Belchior
Partiu na noite de ontem
Deixando saudade e dor
Ele era um notável poeta
Tinha uma mente inquieta
E foi um grande compositor.
Ele era UM RAPAZ LATINOAMERICANO
E usava uma VELHA ROUPA COLORIDA
Gostava da DIVINA COMÉDIA HUMANA
E cantava de tudo um pouco nesta vida
Ele tinha um PEQUENO MAPA DO TEMPO
Que mexia com nosso melhor sentimento
Por isso que a sua partida é tão sentida.
Ele sempre se portou A PALO SECO
E viveu assim COMO NOSSOS PAIS
Contemplava as velas do MUCURIPE
Querer TUDO OUTRA VEZ seria demais
Mas quando teve uma ALUCINAÇÃO
Preferiu viver o AMOR DE PERDIÇÃO
Mas porque ele ainda era bem rapaz.
Ele vivia TODO SUJO DE BATOM
E tinha um CORAÇÃO SELVAGEM
Mesmo COM MEDO DE AVIÃO
Não faltou a verdadeira coragem
Ele vivia entre duas PARALELAS
E cantava todas nossas mazelas
Por isso essa justa homenagem.
Tinha um cão de nome POPULUS
Que sempre lhe motivou a cantar
Era cão de PRIMEIRA GRANDEZA
Que também lhe inspirou a lutar
Da sombra de um frondoso YPÊ
Temos QUINHENTOS ANOS DE QUÊ,
Se eu já CONHEÇO O MEU LUGAR?
Na BALADA DA MADAME FRIGIDAIRE
Belchior foi visto em nave ESPACIAL
Registrado numa FOTOGRAFIA 3X4
Por denunciar a desigualdade social
Tinha PERFIL DE UM CIDADÃO COMUM
Mas a obra é de FASCINAÇÃO incomum
Por isso que para nós serás imortal.
Mas bem NA HORA DO ALMOÇO
Entre GALOS, NÓITES E QUINTAIS
Como na RETÓRICA SENTIMENTAL
Dos tempos que não voltam mais
Caso você SAIA DO MEU CAMINHO
Vou levar uma vida assim sozinho
Sem sua bela poesia, sou incapaz.
Apesar de ser uma grande pessoa
Ele não era um SUJEITO DE SORTE
Por COMENTÁRIOS A RESPEITO DE JOHN
Ele quase que foi jurado de morte
Como EM RESPOSTA À CARTA DE FÃ
Eu me despeço amigo, ATÉ AMANHÃ
Que sua obra e CARISMA, nos conforte.
Eu tenho A CHAVE DO MUNDO
E os ALTOS E BAIXOS, percorro
Sigo BRINCANDO COM A VIDA
Mas se preciso, grito SOCORRO
Um longo caminho eu percorri
NO ANO PASSADO EU MORRI
MAS ESSE ANO NÃO MORRO.
Filme: Bye, bye, Brasil
José Wilker, Betty Faria e Fábio Júnior. Direção Cacá Diegues.
Trilha sonora de Chico Buarque
Bye Bye Brasil, drama protagonizado pela Caravana Rolidei, grupo itinerante que leva alegria (mas não somente) a parcelas menos abastadas da nação. Lorde Cigano, Salomé e Andorinha vagam pelo interior, principalmente do Norte e Nordeste, fugindo das antenas “espinha-de-peixe”, pois o público rareia onde já chegou televisão.
De lugarejo em lugarejo, a Caravana Rolidei atravessa paisagens empobrecidas, e testemunha a angústia dos que oram fervorosamente por pingos de chuva. A passagem lúdica da trupe miserável desvela outros tantos filhos largados à própria sorte pela pátria-mãe desnaturada. Índios em mendicância urbana, homens e mulheres digladiando-se por trabalho, enquanto a necessidade sobrepõe-se a elementos básicos, tais como a moral. Um clássico e um dos melhores filmes de todos os tempos no Brasil. Atual até hoje. Imperdível. (ꙪꙪꙪꙪꙪ/5)
Música Bye, bye, Brasil
Chico Buarque
Oi, coração
Não dá pra falar muito não
Espera passar o avião
Assim que o inverno passar
Eu acho que vou te buscar
Aqui tá fazendo calor
Deu pane no ventilador
Já tem fliperama em Macau
Tomei a costeira em Belém do Pará
Puseram uma usina no mar
Talvez fique ruim pra pescar
Meu amor
No Tocantins
O chefe dos Parintintins
Vidrou na minha calça Lee
Eu vi uns patins pra você
Eu vi um Brasil na tevê
Capaz de cair um toró
Estou me sentindo tão só
Oh, tenha dó de mim
Pintou uma chance legal
Um lance lá na capital
Nem tem que ter ginasial
Meu amor
No Tabariz
O som é que nem os Bee Gees
Dancei com uma dona infeliz
Que tem um tufão nos quadris
Tem um japonês trás de mim
Eu vou dar um pulo em Manaus
Aqui tá quarenta e dois graus
O sol nunca mais vai se pôr
Eu tenho saudades da nossa canção
Saudades de roça e sertão
Bom mesmo é ter um caminhão
Meu amor
Baby, bye bye
Abraços na mãe e no pai
Eu acho que vou desligar
As fichas já vão terminar
Eu vou me mandar de trenó
Pra Rua do Sol, Maceió
Peguei uma doença em Ilhéus
Mas já tô quase bom
Em março vou pro Ceará
Com a benção do meu orixá
Eu acho bauxita por lá
Meu amor
Bye bye, Brasil
A última ficha caiu
Eu penso em vocês night and day
Explica que tá tudo okay
Eu só ando dentro da lei
Eu quero voltar, podes crer
Eu vi um Brasil na tevê
Peguei uma doença em Belém
Agora já tá tudo bem
Mas a ligação tá no fim
Tem um japonês trás de mim
Aquela aquarela mudou
Na estrada peguei uma cor
Capaz de cair um toró
Estou me sentindo um jiló
Eu tenho tesão é no mar
Assim que o inverno passar
Bateu uma saudade de ti
Tô a fim de encarar um siri
Com a benção do Nosso Senhor
O sol nunca mais vai se pôr
Filme: Radioactive
Rosamund Pike
No final do século XIX, a ciência descobria um fenômeno que seria utilizado desde como um dos componentes para a criação de bombas atômicas até como uma das peças-chaves em tratamentos de câncer: a radioatividade. Essa descoberta, importante por si só, ganha ainda mais notoriedade por ter sido feita a partir da parceria entre Pierre Curie e Marie Curie, uma das pouquíssimas estudantes mulheres da Universidade de Paris na época, e a primeira a ganhar um prêmio Nobel (anos depois, ela se tornaria a primeira mulher a ganhá-lo duas vezes). A história de Curie e de sua jornada na descoberta da radioatividade é contada no filme da Netflix, “Radioactive“, dirigido por Marjane Satrapi. (ꙪꙪꙪꙪ/5)
Música: Espacial
Belchior
Olha para o céu
Tira teu chapéu
Pra quem fez a estrela nova que nasceu
Traz o teu sorriso novo espacial
Pra quem fez a estrela artificial
Eu sei que agora a vida deixa de ser vã
Pois há mais luz na avenida
E mais um astro na manhã
Quem volta do seu campo
Ao sol poente, vem dizer
Que a estrela é diferente e fez o trigo aparecer
Olha para o céu tira o teu chapéu
Pra quem fez a estrela nova que nasceu
Não é pra São Jorge, nem pra São João
Pois não é outra lua e nem é balão
Quem mora no Oriente não vai se incomodar
Ao ver que no Ocidente a estrela quer passar
Não há mais abandono nem reino de ninguém
Se a Terra já tem dono, o céu ainda não tem
Por isso vem
Deixa o cansaço, apressa o passo
E vem correndo pro terraço
E abre os braços
Para o espaço que houver
Quem não quiser deixar a Terra em que vivemos
Pelos astros onde iremos
Vai ouvir, ver e contar
Tantas estrelas quantas forem nossas naves
Noutros mares mais suaves
A voar, voar, voar
Olha para o céu tira teu chapéu
Pra quem fez a estrela nova que nasceu
Não é pra São Jorge, nem pra São João
Pois não é outra lua e nem é balão
Música: Os Verdes Campo da Minha Terra
Aguinaldo Timóteo
Se algum dia
À minha terra eu voltar
Quero encontrar
As mesmas coisas que deixei
Quando o trem parar na estação
Eu sentirei no coração
A alegria de chegar
De rever a terra em que nasci
E correr como em criança
Nos verdes campos do lugar
Quero encontrar
A sorrir para mim
O meu amor na estação a me esperar
Pegarei novamente a sua mão
E seguiremos com emoção
Pros verdes campos do lugar
E revivo os momentos de alegria
Com meu amor a passear
Nos verdes campos do meu lar.
Filme: Cuba e o Cameraman
Jon Alpert
É um filme documentário que retrata muito bem as transformações em Cuba. Vai do início da revolução, onde houve um grande avanço em áreas essenciais, como saúde e educação, até a queda da União Soviética e consequentemente a crise econômica ocasionada pelo embargo econômica promovido pelos EUA, a falta de parceiros econômicos e a extinção do financiamento das URSS.
O documentário procura acompanhar a vida de algumas famílias cubanas durante algumas décadas. Particularmente gostei muito da história da família Borrego, que é composta por quatro camponeses muito simpáticos e de vida muito simples.
A gente sempre lamenta o criminoso embargo promovido pelos Estados Unidos àquele pequenino país há mais de 60 anos, tanto por governos democratas quanto republicanos, pelo simples fato de Cuba existir independente e soberana, e pelo medo da perda dos votos dos latinos da Flórida, que são sempre decisivos nas eleições presidenciais americanas. Mas apesar de todas as dificuldades, é sempre bom rever as belas imagens dessa ilha caribenha e do seu povo simples. (ꙪꙪꙪꙪ/5)
Filme: Cabras da Peste
Edmilson Filho, Falcão e Matheus Nachtergaele
Para quem não quer uma exigente super produção, mas que se contenta com algo muito peculiar do humor cearense, recomendo este filme da plataforma Netflix. Apesar de alguns tropeços, Cabras da Peste é um filme bem-feito e engraçado, com atuações divertidas tanto do elenco humano quanto animal. Despretensioso, o longa não reinventa a roda, mas cria um jeito agradável de fazê-la girar e é uma risada mais que bem-vinda após meses de isolamento e de tensão com a pandemia. (ꙪꙪꙪ/5)
Livro: O Romance da Pedra do Reino
Ariano Suassuna
O romance de Ariano Suassuna, publicado originalmente em 1971, narra a história de Dom Pedro Dinis Ferreira, o Quaderna, apresentando seu memorial de defesa perante o corregedor, uma vez que foi preso por subversão em Taperoá, interior da Paraíba. O narrador-personagem conta a saga de sua família, e se declara descendente de legítimos reis brasileiros, castanhos e “cabras” da Pedra do Reino do Sertão, sem relação com os “imperadores estrangeirados e falsificados da Casa de Bragança”. Fala ainda do seu envolvimento com as lutas e desavenças políticas, literárias e filosóficas no seu reino. Imperdível.
Música: Baile no Elite
João Nogueira
Fui a um baile no Elite, atendendo a um convite
Do Manoel Garçom (Meu Deus do Céu, que baile bom!)
Que coisa bacana, já do Campo de Santana
Ouvir o velho e bom som: trombone, sax e piston.
O traje era esporte que o calor estava forte
Mas eu fui de jaquetão, para causar boa impressão
Naquele tempo era o requinte o linho S-120
E eu não gostava de blusão (É uma questão de opinião!)
Passei pela portaria, subi a velha escadaria
E penetrei no salão.
Quando dei de cara com a Orquestra Tabajara
E o popular Jamelão, cantando só samba-canção.
Norato e Norega, Macaxeira e Zé Bodega
Nas palhetas e metais (E tinha outros muitos mais)
No clarinete o Severino, solava um choro tão divino
Desses que já não tem mais (E ele era ainda bem rapaz!)
Refeito dessa surpresa, me aboletei na mesa
Que eu tinha já reservado (Até paguei adiantado)
Manoel, que é dos nossos, trouxe um pires de tremoços
Uma cerveja e um traçado (Pra eu não pegar um resfriado)
Tomei minha Brahma, levantei, tirei a dama
E iniciei meu bailado (No puladinho e no cruzado)
Até Trajano e Mário Jorge que são caras que não fogem
Foram embora humilhados (Eu tava mesmo endiabrado!)
Quando o astro-rei já raiava e a Tabajara caprichava
Seus acordes finais (Para tristeza dos casais)
Toquei a pequena, feito artista de cinema
Em cenas sentimentais (à luz de um abajur lilás).
Num quarto sem forro, perto do pronto-socorro
Uma sirene me acordou (em estado desesperador)
Me levantei, lavei o rosto, quase morro de desgosto
Pois foi um sonho e se acabou
(Seu Nélson Motta deu a nota que hoje o som é rock and roll.
A Tabajara é muito cara
E o velho tempo já passou!)
Música: Não leve flores
Belchior
Não cante vitória muito cedo, não
Nem leve flores para a cova do inimigo
Que as lágrimas do jovem
São fortes como um segredo
Podem fazer renascer um mal antigo
Não cante vitória muito cedo, não
Nem leve flores para a cova do inimigo
Que as lágrimas do jovem
São fortes como um segredo
Podem fazer renascer um mal antigo, sim, o sim
Tudo poderia ter mudado, sim
Pelo trabalho que fizemos, tu e eu
Mas o dinheiro é cruel
E um vento forte levou os amigos
Para longe das conversas, dos cafés e dos abrigos
E nossa esperança de jovens não aconteceu
E nossa esperança de jovens não aconteceu, não, não
Palavra e som são meus caminhos pra ser livre
E eu sigo, sim
Faço o destino com o suor de minha mão
Bebi, conversei com os amigos ao redor de minha mesa
E não deixei meu cigarro se apagar pela tristeza
Sempre é dia de ironia no meu coração
Sempre é dia de ironia no meu coração
Tenho falado à minha garota, meu bem
Difícil é saber o que acontecerá
Mas eu agradeço ao tempo
O inimigo eu já conheço
Sei seu nome, sei seu rosto, residência e endereço
A voz resiste, a fala insiste, você me ouvirá
A voz resiste, a fala insiste, quem viver verá
Não cante vitória muito cedo, não
Nem leve flores para a cova do inimigo
Que as lágrimas do jovem
São fortes como um segredo
Podem fazer renascer um mal antigo
Não cante vitória muito cedo, não
Nem leve flores para a cova do inimigo
Que as lágrimas do jovem
São fortes como um segredo
Podem fazer renascer um mal antigo, sim, o sim
Filme: O Tigre Branco
Ramin Bahran
O Tigre Branco, da plataforma Netflix, tem no pano de fundo um retrato ácido da ascensão da Índia no mercado global de serviços e eletrônica à base de corrupção e exploração das castas inferiores. O capitalismo indiano é um dos mais selvagens do mundo, pois se baseia na religião e no fatalismo social. Quem nasce no lado "escuro" está condenado à pobreza e à exclusão pelo resto da vida. Balram seria essa exceção à regra: ele escapa da jaula levando a um extremo individual o que o sistema faz coletivamente. Da submissão à subversão, sua passagem é brutal e brutalmente amoral.
Na trama, o motorista Balram, utiliza a sua ambição e inteligência para escapar da miséria. Consegue. Sendo como é, apenas uma coisa, um servo, ele é também um 'tigre branco'', o animal raro conhecido na Índia como o único exemplar que surge em cada geração de tigres. Ou seja: é excepcionalmente inteligente, esperto e observador, e usa sua astúcia e sagacidade para escapar da pobreza e libertar-se da vida de servidão e humilhações dos que são escravizados. ''Um criado,'' pensa Balram, ''é um nada se não tem um patrão.''
''O homem pobre só enriquece através do crime ou da política, no seu país também é assim''? indaga o Balram ao espectador. Imperdível. (ꙪꙪꙪꙪꙪ/5)
Filme: Rosa e Momo
Sophia Loren
“Rosa e Momo” carrega dois protagonistas de histórias muito fortes, e que mereciam muito mais tempo de tela. A trama acompanha Momo, um adolescente órfão senegalês, que leva a vida fazendo pequenos furtos e traficando drogas. Em uma dessas situações, ele conhece Rosa, uma ex-prostituta que cuida dos filhos de suas ex-colegas de profissão. Convencida pelo Dr. Coen, Rosa o acolhe em seu apartamento. A partir disso, o roteiro se desenrola como um melodrama que visa a identificação, aceitação e transformação de seus protagonistas. Rosa e Momo são dois opostos diametrais e banhados visualmente para isso. E é nesse aspecto que se concentra o grande mérito da produção. Imperdível. (ꙪꙪꙪꙪꙪ/5)
Música: De Volta ao Começo
Gonzaguinha
E o menino com o brilho do sol
Na menina dos olhos
Sorri e estende a mão
Entregando o seu coração
E eu entrego o meu coração
E eu entro na roda
E canto as antigas cantigas
De amigo irmão
As canções de amanhecer
Lumiar e escuridão
E é como se eu despertasse de um sonho
Que não me deixou viver
E a vida explodisse em meu peito
Com as cores que eu não sonhei
E é como se eu descobrisse que a força
Esteve o tempo todo em mim
E é como se então de repente eu chegasse
Ao fundo do fim
De volta ao começo
De volta ao começo
De volta ao começo
E um sorriso de uma criança
De volta ao começo
Sorriso de uma pequena criança
Seja sempre seu brilho de vida
Seja sempre seu brilho de vida
Filme: Relatos do mundo
Tom Hanks
O filme narra a saga de um contador de histórias itinerante, um tipógrafo falido, com a Guerra de Secessão terminada cinco anos antes, no Texas; que viaja pela região, solitário, lendo para plateias reunidas nos cafés de pequenas cidades, as notícias publicadas em jornais que não chegam a essas localidades perdidas em meio aos desertos e às pradarias infindáveis do norte do estado. O país ainda cura as cicatrizes da carnificina da guerra civil e do massacre aos povos indígenas. Um bom filme do gênero faroeste. (ꙪꙪꙪꙪ/5)
Livro: Verdade Tropical
Caetano Veloso
Verdade tropical é em parte uma autobiografia: ao mesmo tempo que descreve sua formação musical e o desenvolvimento de seu trabalho como cantor e compositor, Caetano Veloso discorre sobre períodos decisivos de sua vida pessoal — a infância e a adolescência em Santo Amaro, ou o primeiro casamento, a prisão em 69 e o exílio em Londres.
Seu tema é também a música popular, sobretudo o Tropicalismo, e sua relação com outras manifestações musicais, como a Bossa Nova, a Jovem Guarda e os festivais da canção. Num plano mais amplo, o autor reflete também sobre questões que eclodiram nas décadas de 60 e 70, como as drogas, a sexualidade, a ditadura. Em Verdade tropical, Caetano empreende a história afetiva de seu tempo.
Em sua primeira live, Bethânia abriu um portal
Dodô Azevedo - Folha de São Paulo em 14/02/20212021
Outro dia, astrônomos e astrofísicos anunciaram a descoberta de “estradas espaciais”, corredores gravitacionais por onde se pode viajar para uma outra galáxia a uma velocidade inconcebível por nossa tecnologia.
Comemorou-se. Aquele orgulho próprio ocidental de quem faz descobertas que já havíamos feito há milhares de anos.
Existe uma tecnologia que há dezenas de milhares de anos, impulsiona objetos para lugares inimaginados a uma velocidade instantânea.
Essa tecnologia chama-se cultura.
O que Maria Bethânia fez, nesse sábado de carnaval-dentro-da-gente, durante sua live.
Arranjos simples, precisos, como quem entende que o talento da cantora brasileira preenche e gera energia o suficiente para encher os estádios.
Está impossível viver neste Brasil de estádios e palcos vazios, onde a única coisa que parece multiplicar-se são armas , desinformação e gente vazia.
Mas ao fim de seu show, Bethânia cantou que uma flor brotará deste impossível chão. Foi o que vimos na noite de hoje. Essa tecnologia, a cultura.
Segundo os astrofísicos, portais celestiais se abrem de acordo com a energia gerada em um determinado ponto do espaço.
Bethânia, a intéprete que automaticamente torna-se co-autora da canção que toma pra si e dá para o mundo, gerou uma energia que penso não termos visto nos últimos 12 meses.
Ressignificou canções como “Evidências”, expurgou nossos furúnculos quando espremeu a canção “2 de junho”, composta por Adriana Calcanhoto, que conta a tragédia de Miguel, a criança preta que a patroa deixou cair do alto do prédio no Recife. Bethânia nos lembrou que “Cálice”, lançada por Chico Buarque em 1978, tem uma letra que sumariza exatamente tudo por que estamos passando em 2021.
E soprou em nosso rosto amassado pelos dias canções como “Vento de lá / Imbelezô”, de Roque Ferreira, que conta o que aconteceu quando o vento de Iansã dominador despertou no colo da manhã.
E preencheu o espaço entre as músicas com prosas, poesias e frases de Guimarães Rosa, como “Qualquer amor já é um pouquinho de saúde”.
“Qualquer amor é um descanso na loucura”, completa a sentença de Rosa.
Não foi só um descanso dessa loucura que é viver entristecido o Brasil que Bethânia nos proporcionou.
Maria Bethânia abriu um portal. Uma oportunidade.
Durante sua live, certamente teve gente que, sentindo um impulso inexplicável de energia, pediu gente em casamento. Teve parente pedindo perdão de coisa feita 20 anos atrás. Teve gente que acabou de decidir por não mais se sujeitar às mazelas da vida e partir para uma ação definitiva à seu respeito. Teve gente que decidiu finalmente se amar como é, se aceitar como é. Teve gente que resolveu finalmente matar aquela garrafa que estava (a)guardada para uma ocasião especial. Teve gente que abriu todas as janelas de casa. Gente que decidiu largar o cigarro. Gente que resolveu passar a fumar. Teve gente que rezou. Teve gente que sambou.
Teve gente que voltou a enxergar um outro Brasil lindo, que sempre existiu, mas estávamos distantes dele.
Como em outra galáxia.
Quem teve a sorte de ver o portal que Bethânia abriu, e teve a coragem de aproveitar a oportunidade, parabéns.
E à Bethânia, brasileira, obrigado.
Música: Reconvexo
Caetano Veloso na voz de Maria Bethânia
Eu sou a chuva que lança a areia do Saara
Sobre os automóveis de Roma
Eu sou a sereia que dança, a destemida Iara
Água e folha da Amazônia
Eu sou a sombra da voz da matriarca da Roma Negra
Você não me pega, você nem chega a me ver
Meu som te cega, careta, quem é você?
Que não sentiu o suingue de Henri Salvador
Que não seguiu o Olodum balançando o Pelô
E que não riu com a risada de Andy Warhol
Que não, que não, e nem disse que não
Eu sou o preto norte-americano forte
Com um brinco de ouro na orelha
Eu sou a flor da primeira música a mais velha
Mais nova espada e seu corte
Eu sou o cheiro dos livros desesperados, sou Gitá gogoya
Seu olho me olha, mas não me pode alcançar
Não tenho escolha, careta, vou descartar
Quem não rezou a novena de Dona Canô
Quem não seguiu o mendigo Joãozinho Beija-Flor
Quem não amou a elegância sutil de Bobô
Quem não é recôncavo e nem pode ser reconvexo
Eu sou o preto norte-americano forte
Com um brinco de ouro na orelha
Eu sou a flor da primeira música a mais velha
Mais nova espada e seu corte
Eu sou o cheiro dos livros desesperados, sou Gitá gogoya
Seu olho me olha, mas não me pode alcançar
Não tenho escolha, careta, vou descartar
Quem não rezou a novena de Dona Canô
Quem não seguiu o mendigo Joãozinho Beija-Flor
Quem não amou a elegância sutil de Bobô
Quem não é recôncavo e nem pode ser reconvexo
Música: Life Gods
Gilberto Gil e Marisa Monte
N'kukluk'mba .. Oxalá
Odin .. Manitoo .. Xuedeh
Aggayun .. Göt .. Baoh
Allah
Tupan .. N'Olorun .. Tamnarah
Golorud .. Ualereh
Zambyn .. Zeus .. Ruwatah
Iesu .. Jah .. Shalam-Tzieh
Amaterasu .. Bathalah
Mandarah .. Unguleveh
Khrisnha .. Efozu
Amma
Yambah .. Oshun .. Asdulai
Kalah .. Okut .. Nyaambeh
Aquaan .. Akuah
Jesus .. Rah .. Yelen-Dayeh
Tentei .. Dio
Asher .. Dieu .. Dios .. Ymanah
Kami .. So-Ko
Lubnah .. Theos .. Yallah
Maomeh .. Juremah
Shiva .. Shangoh
Butzimmy .. Yumallad
Yaoh
Dumnezteu .. Banarah
Gaya .. Munetoh
Aton .. Amon .. Iemanjá
Erê .. Yaoh
Iansã .. Adonay
Brahma .. Gedepoh
Tzikem-Boo .. Atzilah
Yaoh
D'Olodum .. Yamanah
Oxóssi .. Shido
Buda .. Gee .. Jeová
Erê .. Yaoh
OBS: a música mostra o nome de Deus em vários diferentes idiomas e religiões, mostrando que a diversidade, não apenas a religiosa, mas como todos os outros aspectos da vida, pode ser aceita e respeitada em qualquer situação, inclusive para os que em tudo ou nada creem.
Filme: Enterrem meu coração na curva do rio
Dee Brown
Enterrem meu coração na curva do rio, que também já indiquei a leitura do livro de mesmo nome, é o eloquente e meticuloso relato da destruição sistemática dos índios da América do Norte. Lançando mão de várias fontes, como registros oficiais, autobiografias, depoimentos e descrições de primeira mão, o diretor Dee Brown fez grandes chefes e guerreiros das tribos Dakota, Ute, Sioux, Cheyenne e outras, contarem com suas próprias palavras, sobre as batalhas contra os brancos, os massacres e os rompimentos de acordos. Enfim, todo o processo que, na segunda metade do século XIX, terminou por desmoralizá-los, derrotá-los e praticamente extingui-los. Um filme que retrata a humilhante e vergonhosa agressão que os índios americanos sofreram sistematicamente nas mãos de brancos "civilizados" e "evangelizados", que de resto, foi o que aconteceu com os indígenas de todo o mundo, inclusive aqui no Brasil.
Triste o filme, mas imperdível. (ꙪꙪꙪꙪꙪ/5)
Música: War (Guerra)
Bob Marley
Until the philosophy
Which hold one race superior
And another
Inferior
Is finally
And permanently
Discredited
And abandoned
Everywhere is war
Me say war
That until there are no longer
First class and second class citizens of any nation
Until the color of a man's skin
Is of no more significance than the color of his eyes
Me say war
That until the basic human rights
Are equally guaranteed to all, without regard to race
Dis a war
That until that day
The dream of lasting peace
World citizenship
Rule of international morality
Will remain but a fleeting illusion to be pursued
But never attained
Now everywhere is war
War
And until the ignoble and unhappy regime
That hold our brothers in Angola
In Mozambique
South Africa
Sub-human bondage
Have been toppled
Utterly destroyed
Well, everywhere is war
Me say war
War in the east
War in the west
War up north
War down south
War, war
Rumours of war
And until that day
The African continent
Will not know peace
We Africans will fight
We find it necessary
And we know we shall win
As we are confident
In the victory
Of good over evil
Good over evil, yeah
Good over evil
Good over evil, yeah
Tradução:
Guerra
Até que a filosofia
Que entende uma raça como superior
E outra
Inferior
Seja final
E permanentemente
Desacreditada
E abandonada
Em todo lugar haverá guerra
Eu disse guerra
Até que não existam
Cidadãos de primeira e segunda classe em qualquer nação
Até que a cor da pele de um homem
Não seja mais significante do que a cor dos seus olhos
Eu digo que haverá guerra
Até que os direitos humanos básicos
Sejam igualmente garantidos a todos, sem discriminação de raça
Isso é guerra
Até esse dia
O sonho de paz duradoura
Cidadania mundial
Regras de moralidade internacional
Permanecerão como ilusões fugazes a serem perseguidas
Mas nunca alcançadas
Agora em todo lugar haverá guerra
Guerra
Até que o regime ignóbil e infeliz
Que aprisiona nossos irmãos na Angola
Em Moçambique
África do Sul
Em condições subumanas
Seja derrubado
Inteiramente destruído
Bem, em todo lugar haverá guerra
Eu disse guerra
Guerra no leste
Guerra no oeste
Guerra no norte
Guerra no sul
Guerra, guerra
Rumores de guerra
Até esse dia
O continente africano
Não conhecerá a paz
Nós africanos lutaremos
Achamos isso necessário
E sabemos que vamos vencer
Porque estamos confiantes
Na vitória
Do bem sobre o mal
Do bem sobre o mal, sim
Do bem sobre o mal
Do bem sobre o mal, sim
Dando uma força para um amigo...
Livro: Mulheres da Minha Alma
Isabel Allende
Em Mulheres de minha alma, Isabel Allende nos oferece uma emocionante narrativa de sua relação com o feminismo e com o fato de ser mulher, reivindicando, ao mesmo tempo, o direito de viver a vida adulta com sentimento, prazer e plena intensidade. A grande autora chilena nos convida a acompanhá-la nessa viagem pessoal e emocional em que rememora seus vínculos com o feminismo desde a infância até hoje. Maia uma vez, simplesmente fantástico.
Música: Cálice
Chico Buarque e Gilberto Gil
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue
Pai, afasta de mim esse cálice, pai
Afasta de mim esse cálice, pai
Afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue
Como beber dessa bebida amarga?
Tragar a dor, engolir a labuta
Mesmo calada a boca, resta o peito
Silêncio na cidade não se escuta
De que me vale ser filho da santa?
Melhor seria ser filho da outra
Outra realidade menos morta
Tanta mentira, tanta força bruta
Pai, Pai!
Afasta de mim esse cálice (Pai!)
Afasta de mim esse cálice (Pai!)
Afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue
Como é difícil acordar calado
Se na calada da noite eu me dano
Quero lançar um grito desumano
Que é uma maneira de ser escutado
Esse silêncio todo me atordoa
Atordoado eu permaneço atento
Na arquibancada pra a qualquer momento
Ver emergir o monstro da lagoa
Pai, Pai!
Afasta de mim esse cálice (Pai!)
Afasta de mim esse cálice (Pai!)
Afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue
De muito gorda a porca já não anda (Cálice)
De muito usada a faca já não corta
Como é difícil, pai, abrir a porta (Pai, cálice)
Essa palavra presa na garganta
Esse pileque homérico no mundo
De que adianta ter boa vontade
Mesmo calado o peito, resta a cuca
Dos bêbados do centro da cidade
Pai, Pai!
Afasta de mim esse cálice (Pai!)
Afasta de mim esse cálice (Pai!)
Afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue
Talvez o mundo não seja pequeno (Cálice)
Nem seja a vida um fato consumado (Cálice, cálice)
Quero inventar o meu próprio pecado (Cálice, cálice, cálice)
Quero morrer do meu próprio veneno (Pai, cálice, cálice)
Quero perder de vez tua cabeça (Cálice)
Minha cabeça perder teu juízo (Cálice)
Quero cheirar fumaça de óleo diesel (Cálice)
Me embriagar até que alguém me esqueça (Cálice)
https://www.youtube.com/watch?v=901N00i_lnY
Postei a apresentação deles no Festival Lula Livre, da qual com muito orgulho participei no Rio de Janeiro em julho de 2018.
Importante: Gil conta como compôs “Cálice”, após a Globo não creditá-lo como parceiro de Chico na live de Bethânia. Mais respeito a um dos maiores músicos da MPB, por favor, Rede Globo.
Gilberto Gil foi às redes sociais, neste domingo (14), contar o processo de escrita de “Cálice” após não ser creditado como parceiro de Chico Buarque na live de Maria Bethânia. Gil é co-autor da música que foi escrita em 1973 e se tornou um dos mais famosos hinos de resistência ao regime militar. “Era semana santa e marcamos um encontro no apartamento dele [Chico], na Rodrigo de Freitas (lagoa referida por ele na letra). Pensei em levar alguma proposta e, um dia antes me sentei no tatame, onde eu dormia na época, e me pus a esvaziar os pensamentos circulantes para me concentrar”, contou Gil. Ontem (13), Bethânia fez uma live antiCarnaval e foi direta ao expressar seus desejos para o Brasil: “Eu quero vacina, respeito e verdade”.
Leia abaixo a íntegra do relato de Gil:
“Era semana santa e marcamos um encontro no apartamento dele, na Rodrigo de Freitas (lagoa referida por ele na letra). Pensei em levar alguma proposta e, um dia antes me sentei no tatame, onde eu dormia na época, e me pus a esvaziar os pensamentos circulantes para me concentrar.
Como era sexta-feira da Paixão, a idéia do calvário e do cálice de Cristo me seduziu, e eu compus o refrão incorporando o pedido de Jesus no momento da agonia.
Em seguida escrevi a primeira estrofe, que eu comecei me lembrando de uma bebida amarga chamada Fernet, italiana, de que o Chico gostava e que ele me oferecia sempre que eu ia a sua casa.
“No sábado não foi diferente: ele me trouxe um pouco da bebida, eu lhe mostrei o que tinha feito. Quando, cantando o refrão, cheguei ao ‘cálice’, no ato ele percebeu a ambiguidade que a palavra adquiria, e a associou com ‘cale-se’, introduzindo na canção o sentido da censura.
Depois, como eu tinha trazido só o refrão melodizado, trabalhamos na musicalização da estrofe a partir de idéias que ele apresentou. E combinamos um novo encontro.
“Ele acabou fazendo outras duas estrofes e eu mais uma, quatro no total, todas em oito decassílabos. Dois ou três dias depois nos revimos e definimos a sequência.
Eu achei que devíamos intercalar nossas estrofes, porque elas não apresentavam um encadeamento linear entre si. Ele concordou, e a ordem ficou esta: a primeira, minha, a segunda, dele; a terceira, minha, e a última, dele.
Na terceira, o quarto verso e os dois finais foram influenciados pela idéia do Chico de usar o tema do silêncio. O termo, alías, já aparecia na outra estrofe minha, anterior: ‘silêncio na cidade não se escuta’, quer dizer: no barulho da cidade, não é possível escutar o silêncio.
quer dizer: não adianta querer silêncio porque não há silêncio, ou seja: não há censura, a censura é uma quimera; além do mais, ‘mesmo calada a boca, resta o peito’ e ‘mesmo calado o peito, resta a cuca’: se cortam uma coisa, aparece outra.
“Aí, no dia em que fomos apresentar a música, desligaram o microfone logo depois de termos começado a cantá-la. Tenho a impressão de que ela tinha sido apresentada à censura, tendo sido recomendado que não a cantássemos, mas fizemos uma desobediência civil e quisemos cantá-la.”
Filme: Os Meninos do Brasil
Gregory Peck
O ensandecido médico Joseph Mengele, que fez milhares de experiências genéticas com judeus (inclusive crianças), vive no Paraguai e planeja o nascimento do 4º Reich. Para obter tal objetivo, utiliza várias mães de aluguel em uma clínica brasileira para fazer 94 clones de Hitler quando ele era um garoto, e enviá-los para serem adotados em diversos paises. Mas isto não basta, pois diversas variáveis necessitam serem criadas para traçar o perfil psicológico de Hitler. Entretanto Ezra Lieberman (Laurence Olivier), um judeu que é um caçador de nazistas, descobre a trama e tenta impedir que tal plano se concretize. Um filme de 1978 mas que até hoje é atual. Simplesmente imperdível. (ꙪꙪꙪꙪꙪ/5)
Música: Universo do Teu Corpo
Taiguara
Eu desisto
Não existe essa manhã que eu perseguia
Um lugar que me dê trégua ou me sorria
Uma gente que não viva só pra si
Só encontro
Gente amarga mergulhada no passado
Procurando repartir seu mundo errado
Nessa vida sem amor que eu aprendi
Por uns velhos vãos motivos
Somos cegos e cativos
No deserto do universo sem amor
E é por isso que eu preciso
De você, como eu preciso
Não me deixe um só minuto sem amor
Vem comigo
Meu pedaço de universo é no teu corpo
Eu te abraço, corpo imerso no teu corpo
E em teus braços se unem versos à canção
Em que eu digo
Que estou morto pra esse triste mundo antigo
Que meu porto, meu destino, meu abrigo
São teu corpo amante, amigo em minhas mãos
São teu corpo amante, amigo em minhas mãos
São teu corpo amante, amigo em minhas mãos
Vem, vem comigo
Meu pedaço de universo é no teu corpo
Eu te abraço, corpo imerso no teu corpo
E em teus braços se unem versos à canção
Em que eu digo
Que estou morto pra esse triste mundo antigo
Que meu porto, meu destino, meu abrigo
São teu corpo amante, amigo em minhas mãos
São teu corpo amante, amigo em minhas mãos
São teu corpo amante, amigo em minhas mãos