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  • Foto do escritorDylvardo Costa Lima

TEMOS A ARTE PRA NÃO MORRER DA VERDADE(PARTE 2)

Atualizado: 31 de jul. de 2022



MÚSICA: We shall overcome (Song for Gaza)

ROGER WATERS


We shall overcome

We shall overcome We shall overcome some day Deep in my heart I do believe That we shall overcome Someday And we’ll walk hand in hand we’ll walk hand in hand we’ll walk hand in hand one day Deep in my heart I do believe That we will walk hand in hand One day And we’ll break down the prison walls We will tear down those prison walls Together we will tear down the prison walls on that day Deep in my heart I do believe That we will tear down all those prison walls on that day Deep in my heart I do believe That we will tear down those prison walls on that day And the truth will set us free The truth will set us free The truth will set us all free On that day And, deep in my heart I do believe That the truth will set us all free And we shall overcome On that day



TRADUÇÃO


Nós devemos superar

Nós devemos superar

Devemos superar algum dia

No fundo do meu coração

eu acredito

Que devemos superar

Algum dia


E vamos andar de mãos dadas

vamos andar de mãos dadas

vamos andar de mãos dadas um dia

No fundo do meu coração

eu acredito

Que vamos andar de mãos dadas

Um dia


E vamos derrubar os muros da prisão

Vamos derrubar aquelas paredes da prisão

Juntos, vamos derrubar os muros da prisão naquele dia

No fundo do meu coração

eu acredito

Que vamos derrubar todas as paredes da prisão

naquele dia


No fundo do meu coração

eu acredito

Que vamos derrubar as paredes da prisão

naquele dia


E a verdade nos libertará

A verdade nos libertará

A verdade vai nos libertar

Naquele dia


E, no fundo do meu coração

eu acredito

Que a verdade nos libertará

E nós devemos superar

Naquele dia

MÚSICA: DIME

JOSÉ LUIZ PERALES


Dime por qué la gente no sonríe Por qué las armas en las manos Por qué los hombres malheridos, dime Dime por qué los niños maltratados Por qué los viejos olvidados Por qué los sueños prohibidos, dime Dímelo Dios quiero saber Dime por qué te niegas a escuchar Aún queda alguien que tal vez rezará Dímelo Dios quiero saber Dónde se encuentra toda la verdad Aún queda alguien que tal vez lo sabrá Dime, por qué los cielos ya no lloran Por qué los ríos ya no cantan Por qué nos has dejado solos, dime Dime por qué las manos inactivas Por qué el mendigo de la calle Por qué las bombas radioactivas Dímelo Dios quiero saber Dime por qué te niegas a escuchar Aún queda alguien que tal vez rezará Dímelo Dios quiero saber Donde se encuentra toda la verdad Aún queda alguien que tal vez lo sabrá Pero yo no Dime por qué la gente no sonríe Por qué las armas en las manos Por qué los hombres malheridos Dime, dime por qué los niños maltratados Por qué los viejos olvidados Por qué los sueños prohibidos Dime, dime por qué los cielos ya no lloran Por qué los ríos ya no cantan Por qué los has dejado solos Dime, dime por qué las manos inactivas Por qué el mendigo de la calle Por qué las bombas radioactivas Dime, dime por qué la gente no sonríe Por qué las armas en las manos Por qué los hombres malheridos


TRADUÇÃO:


Diz me

diz me

porque as pessoas não sorriem

porque as armas nas mãos

porque os homens feridos

diz me

diz me

porque as crianças maltratadas

porque os velhos esquecidos

porque os sonhos proibidos

diz me

Diz me Deus quero saber

porque te recusas a ouvir

ainda há alguém que talvez tenha rezado

Diz me Deus quero saber

onde está toda a verdade

ainda há alguém que talvez saiba

diz me

porque os céus já não choram

porque os rios já não cantam

porque nos deixaste sozinhos

diz me

diz me

porque as mãos inativas

porque o mendigo da rua

porque as bombas radioativas

diz me

Diz me Deus quero saber

porque te recusas a ouvir

ainda há alguém que talvez tenha rezado

Diz me Deus quero saber

onde está toda a verdade

ainda há alguém que talvez saiba

mas eu não


LIVRO: DIÁRIOS DE BERLIN 1940-1945

MARIE VASSILTCHIKOV


Os diários que a princesa russa Marie Vassiltchikov manteve entre 1940 e 1945, durante seu exílio na Alemanha e em Viena, são um dos documentos mais notáveis que emergiram da guerra, considerados até hoje o único depoimento extenso contemporâneo desses acontecimentos, com notas tomadas no calor da hora. Testemunha "privilegiada" de um dos capítulos mais dramáticos da Segunda Guerra Mundial, Marie Vassiltchikov nasceu na Rússia em 1917 e, devido à sua origem nobre, em tempos de Revolução, cresceu como refugiada com sua família na Alemanha, na França e na Lituânia.


FILME : CABRA MARCADO PARA MORRER

DIRETOR EDUARDO COUTINHO


Início da década de 60. Um líder camponês, João Pedro Teixeira, é assassinado por ordem dos latifundiários do Nordeste. As filmagens de sua vida, interpretada pelos próprios camponeses, foram interrompidas pelo golpe militar de 1964. Dezessete anos depois, o diretor retoma o projeto e procura a viúva Elizabeth Teixeira e seus dez filhos, espalhados pela onda de repressão que seguiu ao episódio do assassinato. O tema principal do filme passa a ser a trajetória de cada um dos personagens que, por meio de lembranças e imagens do passado, evocam o drama de uma família de camponeses durante os longos anos do regime militar. Um filme de arte e imperdível. (ꙪꙪꙪꙪꙪ/5)


FILME: A ÚLTIMA NOTA

PATRICK STEWART E KATE HOLMES


“A Última Nota” é um filme que nos traz interessantes e ricas abordagens, que tem como fios condutores a música e arte. Ele nos apresenta uma emblemática história em que o artista já não possui mais inspiração e precisa buscar uma reconexão ao que o motiva, e mostra que amizade, carinho e compreensão, são as ferramentas para que isso venha acontecer. Um verdadeiro filme de arte e imperdível. (ꙪꙪꙪꙪꙪ/5)

Faz 04 anos hoje (30.04.2017), que a estrela de Belchior está brilhando mais intensamente no céu…Viva Belchior.


BELCHIOR, O POETA LATINOAMERICANO


Escrito originalmente em 30/04/2017 e atualizado em 30/04/2019

Dylvardo Costa Lima


Aqui vai uma homenagem

Ao eterno ídolo Belchior

Partiu na noite de ontem

Deixando saudade e dor

Ele era um notável poeta

Tinha uma mente inquieta

E foi um grande compositor.


Ele era UM RAPAZ LATINOAMERICANO

E usava uma VELHA ROUPA COLORIDA

Gostava da DIVINA COMÉDIA HUMANA

E cantava de tudo um pouco nesta vida

Ele tinha um PEQUENO MAPA DO TEMPO

Que mexia com nosso melhor sentimento

Por isso que a sua partida é tão sentida.


Ele sempre se portou A PALO SECO

E viveu assim COMO NOSSOS PAIS

Contemplava as velas do MUCURIPE

Querer TUDO OUTRA VEZ seria demais

Mas quando teve uma ALUCINAÇÃO

Preferiu viver o AMOR DE PERDIÇÃO

Mas porque ele ainda era bem rapaz.


Ele vivia TODO SUJO DE BATOM

E tinha um CORAÇÃO SELVAGEM

Mesmo COM MEDO DE AVIÃO

Não faltou a verdadeira coragem

Ele vivia entre duas PARALELAS

E cantava todas nossas mazelas

Por isso essa justa homenagem.


Tinha um cão de nome POPULUS

Que sempre lhe motivou a cantar

Era cão de PRIMEIRA GRANDEZA

Que também lhe inspirou a lutar

Da sombra de um frondoso YPÊ

Temos QUINHENTOS ANOS DE QUÊ,

Se eu já CONHEÇO O MEU LUGAR?


Na BALADA DA MADAME FRIGIDAIRE

Belchior foi visto em nave ESPACIAL

Registrado numa FOTOGRAFIA 3X4

Por denunciar a desigualdade social

Tinha PERFIL DE UM CIDADÃO COMUM

Mas a obra é de FASCINAÇÃO incomum

Por isso que para nós serás imortal.


Mas bem NA HORA DO ALMOÇO

Entre GALOS, NÓITES E QUINTAIS

Como na RETÓRICA SENTIMENTAL

Dos tempos que não voltam mais

Caso você SAIA DO MEU CAMINHO

Vou levar uma vida assim sozinho

Sem sua bela poesia, sou incapaz.


Apesar de ser uma grande pessoa

Ele não era um SUJEITO DE SORTE

Por COMENTÁRIOS A RESPEITO DE JOHN

Ele quase que foi jurado de morte

Como EM RESPOSTA À CARTA DE FÃ

Eu me despeço amigo, ATÉ AMANHÃ

Que sua obra e CARISMA, nos conforte.


Eu tenho A CHAVE DO MUNDO

E os ALTOS E BAIXOS, percorro

Sigo BRINCANDO COM A VIDA

Mas se preciso, grito SOCORRO

Um longo caminho eu percorri

NO ANO PASSADO EU MORRI

MAS ESSE ANO NÃO MORRO.

Filme: Bye, bye, Brasil

José Wilker, Betty Faria e Fábio Júnior. Direção Cacá Diegues.

Trilha sonora de Chico Buarque


Bye Bye Brasil, drama protagonizado pela Caravana Rolidei, grupo itinerante que leva alegria (mas não somente) a parcelas menos abastadas da nação. Lorde Cigano, Salomé e Andorinha vagam pelo interior, principalmente do Norte e Nordeste, fugindo das antenas “espinha-de-peixe”, pois o público rareia onde já chegou televisão.

De lugarejo em lugarejo, a Caravana Rolidei atravessa paisagens empobrecidas, e testemunha a angústia dos que oram fervorosamente por pingos de chuva. A passagem lúdica da trupe miserável desvela outros tantos filhos largados à própria sorte pela pátria-mãe desnaturada. Índios em mendicância urbana, homens e mulheres digladiando-se por trabalho, enquanto a necessidade sobrepõe-se a elementos básicos, tais como a moral. Um clássico e um dos melhores filmes de todos os tempos no Brasil. Atual até hoje. Imperdível. (ꙪꙪꙪꙪꙪ/5)

Música Bye, bye, Brasil

Chico Buarque


Oi, coração Não dá pra falar muito não Espera passar o avião Assim que o inverno passar Eu acho que vou te buscar Aqui tá fazendo calor Deu pane no ventilador Já tem fliperama em Macau Tomei a costeira em Belém do Pará Puseram uma usina no mar Talvez fique ruim pra pescar Meu amor


No Tocantins O chefe dos Parintintins Vidrou na minha calça Lee Eu vi uns patins pra você Eu vi um Brasil na tevê Capaz de cair um toró Estou me sentindo tão só Oh, tenha dó de mim Pintou uma chance legal Um lance lá na capital Nem tem que ter ginasial Meu amor


No Tabariz O som é que nem os Bee Gees Dancei com uma dona infeliz Que tem um tufão nos quadris Tem um japonês trás de mim Eu vou dar um pulo em Manaus Aqui tá quarenta e dois graus O sol nunca mais vai se pôr Eu tenho saudades da nossa canção Saudades de roça e sertão Bom mesmo é ter um caminhão Meu amor


Baby, bye bye Abraços na mãe e no pai Eu acho que vou desligar As fichas já vão terminar Eu vou me mandar de trenó Pra Rua do Sol, Maceió Peguei uma doença em Ilhéus Mas já tô quase bom Em março vou pro Ceará Com a benção do meu orixá Eu acho bauxita por lá Meu amor


Bye bye, Brasil A última ficha caiu Eu penso em vocês night and day Explica que tá tudo okay Eu só ando dentro da lei Eu quero voltar, podes crer Eu vi um Brasil na tevê Peguei uma doença em Belém Agora já tá tudo bem Mas a ligação tá no fim Tem um japonês trás de mim Aquela aquarela mudou Na estrada peguei uma cor Capaz de cair um toró Estou me sentindo um jiló Eu tenho tesão é no mar Assim que o inverno passar Bateu uma saudade de ti Tô a fim de encarar um siri Com a benção do Nosso Senhor O sol nunca mais vai se pôr



Filme: Radioactive

Rosamund Pike


No final do século XIX, a ciência descobria um fenômeno que seria utilizado desde como um dos componentes para a criação de bombas atômicas até como uma das peças-chaves em tratamentos de câncer: a radioatividade. Essa descoberta, importante por si só, ganha ainda mais notoriedade por ter sido feita a partir da parceria entre Pierre Curie e Marie Curie, uma das pouquíssimas estudantes mulheres da Universidade de Paris na época, e a primeira a ganhar um prêmio Nobel (anos depois, ela se tornaria a primeira mulher a ganhá-lo duas vezes). A história de Curie e de sua jornada na descoberta da radioatividade é contada no filme da Netflix, “Radioactive“, dirigido por Marjane Satrapi. (ꙪꙪꙪꙪ/5)


Música: Espacial

Belchior


Olha para o céu Tira teu chapéu Pra quem fez a estrela nova que nasceu Traz o teu sorriso novo espacial Pra quem fez a estrela artificial


Eu sei que agora a vida deixa de ser vã Pois há mais luz na avenida E mais um astro na manhã Quem volta do seu campo Ao sol poente, vem dizer Que a estrela é diferente e fez o trigo aparecer


Olha para o céu tira o teu chapéu Pra quem fez a estrela nova que nasceu Não é pra São Jorge, nem pra São João Pois não é outra lua e nem é balão


Quem mora no Oriente não vai se incomodar Ao ver que no Ocidente a estrela quer passar Não há mais abandono nem reino de ninguém Se a Terra já tem dono, o céu ainda não tem Por isso vem


Deixa o cansaço, apressa o passo E vem correndo pro terraço E abre os braços Para o espaço que houver

Quem não quiser deixar a Terra em que vivemos Pelos astros onde iremos Vai ouvir, ver e contar Tantas estrelas quantas forem nossas naves Noutros mares mais suaves A voar, voar, voar


Olha para o céu tira teu chapéu Pra quem fez a estrela nova que nasceu Não é pra São Jorge, nem pra São João Pois não é outra lua e nem é balão


Música: Os Verdes Campo da Minha Terra

Aguinaldo Timóteo


Se algum dia À minha terra eu voltar Quero encontrar As mesmas coisas que deixei Quando o trem parar na estação Eu sentirei no coração A alegria de chegar De rever a terra em que nasci E correr como em criança Nos verdes campos do lugar

Quero encontrar A sorrir para mim O meu amor na estação a me esperar Pegarei novamente a sua mão E seguiremos com emoção Pros verdes campos do lugar E revivo os momentos de alegria Com meu amor a passear Nos verdes campos do meu lar.



Filme: Cuba e o Cameraman

Jon Alpert


É um filme documentário que retrata muito bem as transformações em Cuba. Vai do início da revolução, onde houve um grande avanço em áreas essenciais, como saúde e educação, até a queda da União Soviética e consequentemente a crise econômica ocasionada pelo embargo econômica promovido pelos EUA, a falta de parceiros econômicos e a extinção do financiamento das URSS.


O documentário procura acompanhar a vida de algumas famílias cubanas durante algumas décadas. Particularmente gostei muito da história da família Borrego, que é composta por quatro camponeses muito simpáticos e de vida muito simples.


A gente sempre lamenta o criminoso embargo promovido pelos Estados Unidos àquele pequenino país há mais de 60 anos, tanto por governos democratas quanto republicanos, pelo simples fato de Cuba existir independente e soberana, e pelo medo da perda dos votos dos latinos da Flórida, que são sempre decisivos nas eleições presidenciais americanas. Mas apesar de todas as dificuldades, é sempre bom rever as belas imagens dessa ilha caribenha e do seu povo simples. (ꙪꙪꙪꙪ/5)

Filme: Cabras da Peste

Edmilson Filho, Falcão e Matheus Nachtergaele


Para quem não quer uma exigente super produção, mas que se contenta com algo muito peculiar do humor cearense, recomendo este filme da plataforma Netflix. Apesar de alguns tropeços, Cabras da Peste é um filme bem-feito e engraçado, com atuações divertidas tanto do elenco humano quanto animal. Despretensioso, o longa não reinventa a roda, mas cria um jeito agradável de fazê-la girar e é uma risada mais que bem-vinda após meses de isolamento e de tensão com a pandemia. (ꙪꙪꙪ/5)

Livro: O Romance da Pedra do Reino

Ariano Suassuna


O romance de Ariano Suassuna, publicado originalmente em 1971, narra a história de Dom Pedro Dinis Ferreira, o Quaderna, apresentando seu memorial de defesa perante o corregedor, uma vez que foi preso por subversão em Taperoá, interior da Paraíba. O narrador-personagem conta a saga de sua família, e se declara descendente de legítimos reis brasileiros, castanhos e “cabras” da Pedra do Reino do Sertão, sem relação com os “imperadores estrangeirados e falsificados da Casa de Bragança”. Fala ainda do seu envolvimento com as lutas e desavenças políticas, literárias e filosóficas no seu reino. Imperdível.

Música: Baile no Elite

João Nogueira


Fui a um baile no Elite, atendendo a um convite Do Manoel Garçom (Meu Deus do Céu, que baile bom!) Que coisa bacana, já do Campo de Santana Ouvir o velho e bom som: trombone, sax e piston. O traje era esporte que o calor estava forte Mas eu fui de jaquetão, para causar boa impressão Naquele tempo era o requinte o linho S-120 E eu não gostava de blusão (É uma questão de opinião!)

Passei pela portaria, subi a velha escadaria E penetrei no salão. Quando dei de cara com a Orquestra Tabajara E o popular Jamelão, cantando só samba-canção. Norato e Norega, Macaxeira e Zé Bodega Nas palhetas e metais (E tinha outros muitos mais) No clarinete o Severino, solava um choro tão divino Desses que já não tem mais (E ele era ainda bem rapaz!)

Refeito dessa surpresa, me aboletei na mesa Que eu tinha já reservado (Até paguei adiantado) Manoel, que é dos nossos, trouxe um pires de tremoços Uma cerveja e um traçado (Pra eu não pegar um resfriado) Tomei minha Brahma, levantei, tirei a dama E iniciei meu bailado (No puladinho e no cruzado) Até Trajano e Mário Jorge que são caras que não fogem Foram embora humilhados (Eu tava mesmo endiabrado!)

Quando o astro-rei já raiava e a Tabajara caprichava Seus acordes finais (Para tristeza dos casais) Toquei a pequena, feito artista de cinema Em cenas sentimentais (à luz de um abajur lilás). Num quarto sem forro, perto do pronto-socorro Uma sirene me acordou (em estado desesperador) Me levantei, lavei o rosto, quase morro de desgosto Pois foi um sonho e se acabou (Seu Nélson Motta deu a nota que hoje o som é rock and roll. A Tabajara é muito cara E o velho tempo já passou!)



Música: Não leve flores

Belchior


Não cante vitória muito cedo, não Nem leve flores para a cova do inimigo Que as lágrimas do jovem São fortes como um segredo Podem fazer renascer um mal antigo

Não cante vitória muito cedo, não Nem leve flores para a cova do inimigo Que as lágrimas do jovem São fortes como um segredo Podem fazer renascer um mal antigo, sim, o sim


Tudo poderia ter mudado, sim Pelo trabalho que fizemos, tu e eu Mas o dinheiro é cruel E um vento forte levou os amigos Para longe das conversas, dos cafés e dos abrigos E nossa esperança de jovens não aconteceu E nossa esperança de jovens não aconteceu, não, não


Palavra e som são meus caminhos pra ser livre E eu sigo, sim Faço o destino com o suor de minha mão Bebi, conversei com os amigos ao redor de minha mesa E não deixei meu cigarro se apagar pela tristeza Sempre é dia de ironia no meu coração Sempre é dia de ironia no meu coração


Tenho falado à minha garota, meu bem Difícil é saber o que acontecerá Mas eu agradeço ao tempo O inimigo eu já conheço Sei seu nome, sei seu rosto, residência e endereço A voz resiste, a fala insiste, você me ouvirá A voz resiste, a fala insiste, quem viver verá


Não cante vitória muito cedo, não Nem leve flores para a cova do inimigo Que as lágrimas do jovem São fortes como um segredo Podem fazer renascer um mal antigo

Não cante vitória muito cedo, não Nem leve flores para a cova do inimigo Que as lágrimas do jovem São fortes como um segredo Podem fazer renascer um mal antigo, sim, o sim



Filme: O Tigre Branco

Ramin Bahran


O Tigre Branco, da plataforma Netflix, tem no pano de fundo um retrato ácido da ascensão da Índia no mercado global de serviços e eletrônica à base de corrupção e exploração das castas inferiores. O capitalismo indiano é um dos mais selvagens do mundo, pois se baseia na religião e no fatalismo social. Quem nasce no lado "escuro" está condenado à pobreza e à exclusão pelo resto da vida. Balram seria essa exceção à regra: ele escapa da jaula levando a um extremo individual o que o sistema faz coletivamente. Da submissão à subversão, sua passagem é brutal e brutalmente amoral.


Na trama, o motorista Balram, utiliza a sua ambição e inteligência para escapar da miséria. Consegue. Sendo como é, apenas uma coisa, um servo, ele é também um 'tigre branco'', o animal raro conhecido na Índia como o único exemplar que surge em cada geração de tigres. Ou seja: é excepcionalmente inteligente, esperto e observador, e usa sua astúcia e sagacidade para escapar da pobreza e libertar-se da vida de servidão e humilhações dos que são escravizados. ''Um criado,'' pensa Balram, ''é um nada se não tem um patrão.''


''O homem pobre só enriquece através do crime ou da política, no seu país também é assim''? indaga o Balram ao espectador. Imperdível. (ꙪꙪꙪꙪꙪ/5)

Filme: Rosa e Momo

Sophia Loren


“Rosa e Momo” carrega dois protagonistas de histórias muito fortes, e que mereciam muito mais tempo de tela. A trama acompanha Momo, um adolescente órfão senegalês, que leva a vida fazendo pequenos furtos e traficando drogas. Em uma dessas situações, ele conhece Rosa, uma ex-prostituta que cuida dos filhos de suas ex-colegas de profissão. Convencida pelo Dr. Coen, Rosa o acolhe em seu apartamento. A partir disso, o roteiro se desenrola como um melodrama que visa a identificação, aceitação e transformação de seus protagonistas. Rosa e Momo são dois opostos diametrais e banhados visualmente para isso. E é nesse aspecto que se concentra o grande mérito da produção. Imperdível. (ꙪꙪꙪꙪꙪ/5)

Música: De Volta ao Começo

Gonzaguinha


E o menino com o brilho do sol Na menina dos olhos Sorri e estende a mão Entregando o seu coração E eu entrego o meu coração


E eu entro na roda E canto as antigas cantigas De amigo irmão As canções de amanhecer Lumiar e escuridão


E é como se eu despertasse de um sonho Que não me deixou viver E a vida explodisse em meu peito Com as cores que eu não sonhei


E é como se eu descobrisse que a força Esteve o tempo todo em mim E é como se então de repente eu chegasse Ao fundo do fim


De volta ao começo De volta ao começo

De volta ao começo E um sorriso de uma criança De volta ao começo Sorriso de uma pequena criança Seja sempre seu brilho de vida Seja sempre seu brilho de vida



Filme: Relatos do mundo

Tom Hanks


O filme narra a saga de um contador de histórias itinerante, um tipógrafo falido, com a Guerra de Secessão terminada cinco anos antes, no Texas; que viaja pela região, solitário, lendo para plateias reunidas nos cafés de pequenas cidades, as notícias publicadas em jornais que não chegam a essas localidades perdidas em meio aos desertos e às pradarias infindáveis do norte do estado. O país ainda cura as cicatrizes da carnificina da guerra civil e do massacre aos povos indígenas. Um bom filme do gênero faroeste. (ꙪꙪꙪꙪ/5)

Livro: Verdade Tropical

Caetano Veloso


Verdade tropical é em parte uma autobiografia: ao mesmo tempo que descreve sua formação musical e o desenvolvimento de seu trabalho como cantor e compositor, Caetano Veloso discorre sobre períodos decisivos de sua vida pessoal — a infância e a adolescência em Santo Amaro, ou o primeiro casamento, a prisão em 69 e o exílio em Londres.


Seu tema é também a música popular, sobretudo o Tropicalismo, e sua relação com outras manifestações musicais, como a Bossa Nova, a Jovem Guarda e os festivais da canção. Num plano mais amplo, o autor reflete também sobre questões que eclodiram nas décadas de 60 e 70, como as drogas, a sexualidade, a ditadura. Em Verdade tropical, Caetano empreende a história afetiva de seu tempo.


Em sua primeira live, Bethânia abriu um portal

Dodô Azevedo - Folha de São Paulo em 14/02/20212021


Outro dia, astrônomos e astrofísicos anunciaram a descoberta de “estradas espaciais”, corredores gravitacionais por onde se pode viajar para uma outra galáxia a uma velocidade inconcebível por nossa tecnologia.


Comemorou-se. Aquele orgulho próprio ocidental de quem faz descobertas que já havíamos feito há milhares de anos.


Existe uma tecnologia que há dezenas de milhares de anos, impulsiona objetos para lugares inimaginados a uma velocidade instantânea.


Essa tecnologia chama-se cultura.


O que Maria Bethânia fez, nesse sábado de carnaval-dentro-da-gente, durante sua live.


Arranjos simples, precisos, como quem entende que o talento da cantora brasileira preenche e gera energia o suficiente para encher os estádios.


Está impossível viver neste Brasil de estádios e palcos vazios, onde a única coisa que parece multiplicar-se são armas , desinformação e gente vazia.


Mas ao fim de seu show, Bethânia cantou que uma flor brotará deste impossível chão. Foi o que vimos na noite de hoje. Essa tecnologia, a cultura.


Segundo os astrofísicos, portais celestiais se abrem de acordo com a energia gerada em um determinado ponto do espaço.


Bethânia, a intéprete que automaticamente torna-se co-autora da canção que toma pra si e dá para o mundo, gerou uma energia que penso não termos visto nos últimos 12 meses.


Ressignificou canções como “Evidências”, expurgou nossos furúnculos quando espremeu a canção “2 de junho”, composta por Adriana Calcanhoto, que conta a tragédia de Miguel, a criança preta que a patroa deixou cair do alto do prédio no Recife. Bethânia nos lembrou que “Cálice”, lançada por Chico Buarque em 1978, tem uma letra que sumariza exatamente tudo por que estamos passando em 2021.


E soprou em nosso rosto amassado pelos dias canções como “Vento de lá / Imbelezô”, de Roque Ferreira, que conta o que aconteceu quando o vento de Iansã dominador despertou no colo da manhã.


E preencheu o espaço entre as músicas com prosas, poesias e frases de Guimarães Rosa, como “Qualquer amor já é um pouquinho de saúde”.


“Qualquer amor é um descanso na loucura”, completa a sentença de Rosa.


Não foi só um descanso dessa loucura que é viver entristecido o Brasil que Bethânia nos proporcionou.


Maria Bethânia abriu um portal. Uma oportunidade.


Durante sua live, certamente teve gente que, sentindo um impulso inexplicável de energia, pediu gente em casamento. Teve parente pedindo perdão de coisa feita 20 anos atrás. Teve gente que acabou de decidir por não mais se sujeitar às mazelas da vida e partir para uma ação definitiva à seu respeito. Teve gente que decidiu finalmente se amar como é, se aceitar como é. Teve gente que resolveu finalmente matar aquela garrafa que estava (a)guardada para uma ocasião especial. Teve gente que abriu todas as janelas de casa. Gente que decidiu largar o cigarro. Gente que resolveu passar a fumar. Teve gente que rezou. Teve gente que sambou.


Teve gente que voltou a enxergar um outro Brasil lindo, que sempre existiu, mas estávamos distantes dele.


Como em outra galáxia.


Quem teve a sorte de ver o portal que Bethânia abriu, e teve a coragem de aproveitar a oportunidade, parabéns.


E à Bethânia, brasileira, obrigado.

Música: Reconvexo

Caetano Veloso na voz de Maria Bethânia


Eu sou a chuva que lança a areia do Saara Sobre os automóveis de Roma Eu sou a sereia que dança, a destemida Iara Água e folha da Amazônia

Eu sou a sombra da voz da matriarca da Roma Negra Você não me pega, você nem chega a me ver Meu som te cega, careta, quem é você? Que não sentiu o suingue de Henri Salvador Que não seguiu o Olodum balançando o Pelô E que não riu com a risada de Andy Warhol Que não, que não, e nem disse que não


Eu sou o preto norte-americano forte Com um brinco de ouro na orelha Eu sou a flor da primeira música a mais velha Mais nova espada e seu corte

Eu sou o cheiro dos livros desesperados, sou Gitá gogoya Seu olho me olha, mas não me pode alcançar Não tenho escolha, careta, vou descartar Quem não rezou a novena de Dona Canô Quem não seguiu o mendigo Joãozinho Beija-Flor Quem não amou a elegância sutil de Bobô Quem não é recôncavo e nem pode ser reconvexo


Eu sou o preto norte-americano forte Com um brinco de ouro na orelha Eu sou a flor da primeira música a mais velha Mais nova espada e seu corte

Eu sou o cheiro dos livros desesperados, sou Gitá gogoya Seu olho me olha, mas não me pode alcançar Não tenho escolha, careta, vou descartar Quem não rezou a novena de Dona Canô Quem não seguiu o mendigo Joãozinho Beija-Flor Quem não amou a elegância sutil de Bobô Quem não é recôncavo e nem pode ser reconvexo



Música: Life Gods

Gilberto Gil e Marisa Monte


N'kukluk'mba .. Oxalá

Odin .. Manitoo .. Xuedeh

Aggayun .. Göt .. Baoh

Allah


Tupan .. N'Olorun .. Tamnarah

Golorud .. Ualereh

Zambyn .. Zeus .. Ruwatah

Iesu .. Jah .. Shalam-Tzieh


Amaterasu .. Bathalah

Mandarah .. Unguleveh

Khrisnha .. Efozu

Amma


Yambah .. Oshun .. Asdulai

Kalah .. Okut .. Nyaambeh

Aquaan .. Akuah

Jesus .. Rah .. Yelen-Dayeh


Tentei .. Dio

Asher .. Dieu .. Dios .. Ymanah

Kami .. So-Ko

Lubnah .. Theos .. Yallah


Maomeh .. Juremah

Shiva .. Shangoh

Butzimmy .. Yumallad

Yaoh


Dumnezteu .. Banarah

Gaya .. Munetoh

Aton .. Amon .. Iemanjá

Erê .. Yaoh


Iansã .. Adonay

Brahma .. Gedepoh

Tzikem-Boo .. Atzilah

Yaoh


D'Olodum .. Yamanah

Oxóssi .. Shido

Buda .. Gee .. Jeová

Erê .. Yaoh


OBS: a música mostra o nome de Deus em vários diferentes idiomas e religiões, mostrando que a diversidade, não apenas a religiosa, mas como todos os outros aspectos da vida, pode ser aceita e respeitada em qualquer situação, inclusive para os que em tudo ou nada creem.



Filme: Enterrem meu coração na curva do rio

Dee Brown


Enterrem meu coração na curva do rio, que também já indiquei a leitura do livro de mesmo nome, é o eloquente e meticuloso relato da destruição sistemática dos índios da América do Norte. Lançando mão de várias fontes, como registros oficiais, autobiografias, depoimentos e descrições de primeira mão, o diretor Dee Brown fez grandes chefes e guerreiros das tribos Dakota, Ute, Sioux, Cheyenne e outras, contarem com suas próprias palavras, sobre as batalhas contra os brancos, os massacres e os rompimentos de acordos. Enfim, todo o processo que, na segunda metade do século XIX, terminou por desmoralizá-los, derrotá-los e praticamente extingui-los. Um filme que retrata a humilhante e vergonhosa agressão que os índios americanos sofreram sistematicamente nas mãos de brancos "civilizados" e "evangelizados", que de resto, foi o que aconteceu com os indígenas de todo o mundo, inclusive aqui no Brasil.

Triste o filme, mas imperdível. (ꙪꙪꙪꙪꙪ/5)


Música: War (Guerra)

Bob Marley

Until the philosophy Which hold one race superior And another Inferior Is finally And permanently Discredited And abandoned Everywhere is war Me say war That until there are no longer First class and second class citizens of any nation Until the color of a man's skin Is of no more significance than the color of his eyes Me say war That until the basic human rights Are equally guaranteed to all, without regard to race Dis a war That until that day The dream of lasting peace World citizenship Rule of international morality Will remain but a fleeting illusion to be pursued But never attained Now everywhere is war War And until the ignoble and unhappy regime That hold our brothers in Angola In Mozambique South Africa Sub-human bondage Have been toppled Utterly destroyed Well, everywhere is war Me say war War in the east War in the west War up north War down south War, war Rumours of war And until that day The African continent Will not know peace We Africans will fight We find it necessary And we know we shall win As we are confident In the victory Of good over evil Good over evil, yeah Good over evil Good over evil, yeah Tradução:

Guerra


Até que a filosofia Que entende uma raça como superior E outra Inferior Seja final E permanentemente Desacreditada E abandonada Em todo lugar haverá guerra Eu disse guerra

Até que não existam Cidadãos de primeira e segunda classe em qualquer nação Até que a cor da pele de um homem Não seja mais significante do que a cor dos seus olhos Eu digo que haverá guerra

Até que os direitos humanos básicos Sejam igualmente garantidos a todos, sem discriminação de raça Isso é guerra

Até esse dia O sonho de paz duradoura Cidadania mundial Regras de moralidade internacional Permanecerão como ilusões fugazes a serem perseguidas Mas nunca alcançadas Agora em todo lugar haverá guerra Guerra

Até que o regime ignóbil e infeliz Que aprisiona nossos irmãos na Angola Em Moçambique África do Sul Em condições subumanas Seja derrubado Inteiramente destruído Bem, em todo lugar haverá guerra Eu disse guerra

Guerra no leste Guerra no oeste Guerra no norte Guerra no sul Guerra, guerra Rumores de guerra

Até esse dia O continente africano Não conhecerá a paz Nós africanos lutaremos Achamos isso necessário E sabemos que vamos vencer Porque estamos confiantes Na vitória Do bem sobre o mal Do bem sobre o mal, sim Do bem sobre o mal Do bem sobre o mal, sim

Dando uma força para um amigo...

Livro: Mulheres da Minha Alma

Isabel Allende


Em Mulheres de minha alma, Isabel Allende nos oferece uma emocionante narrativa de sua relação com o feminismo e com o fato de ser mulher, reivindicando, ao mesmo tempo, o direito de viver a vida adulta com sentimento, prazer e plena intensidade. A grande autora chilena nos convida a acompanhá-la nessa viagem pessoal e emocional em que rememora seus vínculos com o feminismo desde a infância até hoje. Maia uma vez, simplesmente fantástico.

Música: Cálice

Chico Buarque e Gilberto Gil


Pai, afasta de mim esse cálice Pai, afasta de mim esse cálice Pai, afasta de mim esse cálice De vinho tinto de sangue

Pai, afasta de mim esse cálice, pai Afasta de mim esse cálice, pai Afasta de mim esse cálice De vinho tinto de sangue


Como beber dessa bebida amarga? Tragar a dor, engolir a labuta Mesmo calada a boca, resta o peito Silêncio na cidade não se escuta

De que me vale ser filho da santa? Melhor seria ser filho da outra Outra realidade menos morta Tanta mentira, tanta força bruta


Pai, Pai! Afasta de mim esse cálice (Pai!) Afasta de mim esse cálice (Pai!) Afasta de mim esse cálice De vinho tinto de sangue

Como é difícil acordar calado Se na calada da noite eu me dano Quero lançar um grito desumano Que é uma maneira de ser escutado

Esse silêncio todo me atordoa Atordoado eu permaneço atento Na arquibancada pra a qualquer momento Ver emergir o monstro da lagoa


Pai, Pai! Afasta de mim esse cálice (Pai!) Afasta de mim esse cálice (Pai!) Afasta de mim esse cálice De vinho tinto de sangue

De muito gorda a porca já não anda (Cálice) De muito usada a faca já não corta Como é difícil, pai, abrir a porta (Pai, cálice) Essa palavra presa na garganta

Esse pileque homérico no mundo De que adianta ter boa vontade Mesmo calado o peito, resta a cuca Dos bêbados do centro da cidade


Pai, Pai! Afasta de mim esse cálice (Pai!) Afasta de mim esse cálice (Pai!) Afasta de mim esse cálice De vinho tinto de sangue

Talvez o mundo não seja pequeno (Cálice) Nem seja a vida um fato consumado (Cálice, cálice) Quero inventar o meu próprio pecado (Cálice, cálice, cálice) Quero morrer do meu próprio veneno (Pai, cálice, cálice)

Quero perder de vez tua cabeça (Cálice) Minha cabeça perder teu juízo (Cálice) Quero cheirar fumaça de óleo diesel (Cálice) Me embriagar até que alguém me esqueça (Cálice)



Postei a apresentação deles no Festival Lula Livre, da qual com muito orgulho participei no Rio de Janeiro em julho de 2018.


Importante: Gil conta como compôs “Cálice”, após a Globo não creditá-lo como parceiro de Chico na live de Bethânia. Mais respeito a um dos maiores músicos da MPB, por favor, Rede Globo.


Gilberto Gil foi às redes sociais, neste domingo (14), contar o processo de escrita de “Cálice” após não ser creditado como parceiro de Chico Buarque na live de Maria Bethânia. Gil é co-autor da música que foi escrita em 1973 e se tornou um dos mais famosos hinos de resistência ao regime militar. “Era semana santa e marcamos um encontro no apartamento dele [Chico], na Rodrigo de Freitas (lagoa referida por ele na letra). Pensei em levar alguma proposta e, um dia antes me sentei no tatame, onde eu dormia na época, e me pus a esvaziar os pensamentos circulantes para me concentrar”, contou Gil. Ontem (13), Bethânia fez uma live antiCarnaval e foi direta ao expressar seus desejos para o Brasil: “Eu quero vacina, respeito e verdade”.


Leia abaixo a íntegra do relato de Gil:


“Era semana santa e marcamos um encontro no apartamento dele, na Rodrigo de Freitas (lagoa referida por ele na letra). Pensei em levar alguma proposta e, um dia antes me sentei no tatame, onde eu dormia na época, e me pus a esvaziar os pensamentos circulantes para me concentrar.

Como era sexta-feira da Paixão, a idéia do calvário e do cálice de Cristo me seduziu, e eu compus o refrão incorporando o pedido de Jesus no momento da agonia.

Em seguida escrevi a primeira estrofe, que eu comecei me lembrando de uma bebida amarga chamada Fernet, italiana, de que o Chico gostava e que ele me oferecia sempre que eu ia a sua casa.


“No sábado não foi diferente: ele me trouxe um pouco da bebida, eu lhe mostrei o que tinha feito. Quando, cantando o refrão, cheguei ao ‘cálice’, no ato ele percebeu a ambiguidade que a palavra adquiria, e a associou com ‘cale-se’, introduzindo na canção o sentido da censura.

Depois, como eu tinha trazido só o refrão melodizado, trabalhamos na musicalização da estrofe a partir de idéias que ele apresentou. E combinamos um novo encontro.

“Ele acabou fazendo outras duas estrofes e eu mais uma, quatro no total, todas em oito decassílabos. Dois ou três dias depois nos revimos e definimos a sequência.

Eu achei que devíamos intercalar nossas estrofes, porque elas não apresentavam um encadeamento linear entre si. Ele concordou, e a ordem ficou esta: a primeira, minha, a segunda, dele; a terceira, minha, e a última, dele.

Na terceira, o quarto verso e os dois finais foram influenciados pela idéia do Chico de usar o tema do silêncio. O termo, alías, já aparecia na outra estrofe minha, anterior: ‘silêncio na cidade não se escuta’, quer dizer: no barulho da cidade, não é possível escutar o silêncio.

quer dizer: não adianta querer silêncio porque não há silêncio, ou seja: não há censura, a censura é uma quimera; além do mais, ‘mesmo calada a boca, resta o peito’ e ‘mesmo calado o peito, resta a cuca’: se cortam uma coisa, aparece outra.

“Aí, no dia em que fomos apresentar a música, desligaram o microfone logo depois de termos começado a cantá-la. Tenho a impressão de que ela tinha sido apresentada à censura, tendo sido recomendado que não a cantássemos, mas fizemos uma desobediência civil e quisemos cantá-la.”

Filme: Os Meninos do Brasil

Gregory Peck


O ensandecido médico Joseph Mengele, que fez milhares de experiências genéticas com judeus (inclusive crianças), vive no Paraguai e planeja o nascimento do 4º Reich. Para obter tal objetivo, utiliza várias mães de aluguel em uma clínica brasileira para fazer 94 clones de Hitler quando ele era um garoto, e enviá-los para serem adotados em diversos paises. Mas isto não basta, pois diversas variáveis necessitam serem criadas para traçar o perfil psicológico de Hitler. Entretanto Ezra Lieberman (Laurence Olivier), um judeu que é um caçador de nazistas, descobre a trama e tenta impedir que tal plano se concretize. Um filme de 1978 mas que até hoje é atual. Simplesmente imperdível. (ꙪꙪꙪꙪꙪ/5)

Música: Universo do Teu Corpo

Taiguara


Eu desisto Não existe essa manhã que eu perseguia Um lugar que me dê trégua ou me sorria Uma gente que não viva só pra si


Só encontro Gente amarga mergulhada no passado Procurando repartir seu mundo errado Nessa vida sem amor que eu aprendi


Por uns velhos vãos motivos Somos cegos e cativos No deserto do universo sem amor


E é por isso que eu preciso De você, como eu preciso Não me deixe um só minuto sem amor


Vem comigo Meu pedaço de universo é no teu corpo Eu te abraço, corpo imerso no teu corpo E em teus braços se unem versos à canção


Em que eu digo Que estou morto pra esse triste mundo antigo Que meu porto, meu destino, meu abrigo São teu corpo amante, amigo em minhas mãos São teu corpo amante, amigo em minhas mãos São teu corpo amante, amigo em minhas mãos


Vem, vem comigo Meu pedaço de universo é no teu corpo Eu te abraço, corpo imerso no teu corpo E em teus braços se unem versos à canção


Em que eu digo Que estou morto pra esse triste mundo antigo Que meu porto, meu destino, meu abrigo São teu corpo amante, amigo em minhas mãos São teu corpo amante, amigo em minhas mãos São teu corpo amante, amigo em minhas mãos



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