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  • Foto do escritorDylvardo Costa Lima

CANTIM DA COVID (PARTE 13)

Atualizado: 23 de ago. de 2021


Covid-19: O que sabemos sobre a Sputnik V e outras vacinas russas contra a Covid-19?


Em um comentário publicado no British Medical Journal em 19/03/2021, um pesquisador britânico comenta sobre o que sabemos sobre a vacina russa Sputnik V


O que é a Sputnik V?


Em agosto de 2020, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, surpreendeu o mundo, ao aprovar sua primeira vacina para a Covid-19 desenvolvida internamente, antes mesmo de os ensaios clínicos de fase III terem começado. A primeira vacina aprovada da Rússia, foi desenvolvida e produzida inteiramente no mercado interno, e tem um nome que invoca intencionalmente a corrida espacial dos anos 1950. Quando a Organização Mundial da Saúde declarou a Covid-19 uma pandemia, no início de março de 2020, o Centro Nacional de Epidemiologia e Microbiologia de Gamaleya em Moscou, já estava trabalhando em um protótipo do Sputnik V, financiado pelo Fundo de Investimento Direto Russo (RDIF), fundo soberano do país.


Os pesquisadores da Gamaleya usaram vírus do resfriado comum em seu protótipo de vacina. Notavelmente, eles optaram por dois vetores de adenovírus diferentes (rAd26 e rAd5), administrados separadamente em uma primeira e segunda dose, com 21 dias de intervalo. Usar o mesmo adenovírus para as duas doses, pode levar o corpo a desenvolver uma resposta imune contra o vetor, e destruir quando a segunda dose é administrada. Dois vetores diferentes reduzem a chance disso. Para fazer a vacina, os adenovírus são combinados com a proteína spike SARS-CoV-2, que faz com que o corpo dê uma resposta imunológica a ela.


A Sputnik V é segura e eficaz?


Os resultados das fases I e II, em 76 participantes de um ensaio aberto não randomizado, foram publicados no Lancet em setembro. De acordo com o artigo, todos os participantes desenvolveram anticorpos contra SARS-CoV-2. Nenhum evento adverso sério foi detectado. A maioria dos efeitos adversos foram leves, com pouco mais da metade sentindo dor no local da injeção, por exemplo.


Os dados provisórios da fase III foram publicados no início de fevereiro de 2021. O ensaio randomizado, duplo-cego e controlado por placebo, incluiu quase 22.000 adultos com 18 anos ou mais, recrutados em 25 hospitais e clínicas em Moscou entre 7 de setembro e 24 de novembro de 2020. Cada participante recebeu dois doses da vacina, ou de um placebo, administradas com 21 dias de intervalo.


Os resultados provisórios (com base nos dados até agora de 14 964 participantes no grupo da vacina e 4902 no grupo do placebo), indicam que a vacina é 91,6% eficaz, com base na sua capacidade de prevenir a infecção sintomática. Não houve casos de Covid-19 moderado ou grave no grupo vacinado, pelo menos 21 dias após a primeira dose. Cerca de 94% dos efeitos colaterais relatados foram muito leves (grau 1). Quatro mortes registradas durante o estudo não foram relacionadas à vacina.


Os cientistas estão convencidos?


As dúvidas surgiram quando o presidente Putin surpreendeu o mundo ao anunciar a aprovação russa para o uso emergencial do Sputnik V já em agosto de 2020, antes que os dados da fase I ou II fossem publicados e antes do início do ensaio da fase III.


A aprovação antecipada e o tom bombástico da Rússia em torno da vacina, provocaram ceticismo entre os cientistas. Em setembro, uma carta aberta co-assinada por 30 cientistas de todo o mundo, criticou inconsistências no estudo de fase I e II. A equipe por trás do Sputnik V, descartou as preocupações em uma carta publicada no Lancet, apontando que algumas das supostas irregularidades, tais como contagens de anticorpos suspeitosamente semelhantes entre os participantes, eram provavelmente coincidências causadas em parte por fatores como o pequeno tamanho da amostra e o arredondamento dos números nos pontos de dados.


Os dados da Fase III foram atendidos de maneira mais calorosa. Alguns comentaristas apontaram que, por exemplo, o resultado primário foi relatado excepcionalmente cedo, 21 dias após a primeira dose, em vez de após a segunda dose, o protocolo original para o estudo não foi publicado, portanto não é possível saber se isso foi decidido antes ou durante o julgamento. Mas outros argumentam que os dados da fase III publicados até o momento, justificaram a decisão da Rússia de prosseguir com a vacinação contra o Sputnik V.


Como a Rússia está usando a vacina?


Em 2 de dezembro, o mesmo dia em que o Reino Unido aprovou o uso da vacina Pfizer BioNTech, Putin declarou que a vacinação em massa com o Sputnik V, fornecido gratuitamente aos cidadãos, deveria começar dentro de alguns dias.


Na verdade, a administração do Sputnik V começou ainda mais cedo, os funcionários da Gamaleya estavam entre as primeiras pessoas a receberem as doses do protótipo na primavera de 2020, antes que os testes de fase I e II ocorressem no verão. Putin revelou que uma de suas filhas já havia tomado duas doses da vacina. Mais de 2.500 soldados russos também receberam a vacina.


Os primeiros membros do público a receberem uma dose do Sputnik V, foram funcionários de escolas e de saúde, aos quais foram oferecidas consultas por meio de um sistema de reserva online. No entanto, postos de vacinação que oferecem vacinas para qualquer pessoa, sem hora marcada, também foram abertos. Um dos centros está no shopping center GUM, na Praça Vermelha de Moscou.


Até 10 de fevereiro, a Rússia inoculou mais de dois milhões de pessoas com pelo menos uma dose da Sputnik V, de acordo com o ministro da saúde, Mikhail Murashko. Isso é quase três doses de vacina por 100 pessoas, de acordo com os últimos dados disponíveis (como comparação, o Reino Unido administrou quase 10 vezes mais). O lançamento pode ser prejudicado pelo ceticismo sobre a Sputnik V entre o público russo, uma pesquisa online com 1.600 russos conduzida pelo Moscow Times, descobriu que 60% se opunham a recebê-la. A aprovação rápida também gerou cautela entre alguns médicos russos.


Quais outros países estão usando o Sputnik V?


A Rússia não mediu esforços para promover a Sputnik V além de suas fronteiras, em uma campanha de diplomacia de vacinas, prometendo que custaria menos de US $ 10 (£ 7,2; € 8,4) por dose para compradores internacionais.


O RDIF afirma ter assinado contratos com mais de uma dúzia de fabricantes em 10 países, para produzir um total de 1,4 bilhão de doses. No momento da redação deste relatório, 29 países além da Rússia haviam aprovado o Sputnik V para uso de emergência. Isso inclui a Hungria, o único estado da UE a fazê-lo até o momento, embora a Agência Europeia de Medicamentos (EMA) tenha negado relatórios na época em que estava revisando a vacina (os estados da UE são capazes de aprovar vacinas para uso bilateral). A EMA anunciou posteriormente que uma revisão da Sputnik V havia começado.


Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, questionou publicamente por que a Rússia está "oferecendo teoricamente milhões e milhões de doses, embora não avance o suficiente na vacinação de seu próprio povo". Na verdade, centenas de milhares de doses foram enviadas para vários países. A Sputnik V já foi lançada na Argentina e em Montenegro, de acordo com relatórios. Além disso, a Universidade de Oxford e a AstraZeneca lançaram um ensaio a ser realizado na Rússia, para avaliar se a combinação de doses de sua vacina com o Sputnik V pode render mais benefícios.


A Rússia possui que outras vacinas?


Atualmente, nenhuma outra vacina além do Sputnik V está disponível ao público na Rússia. O governo russo aprovou, no entanto, duas outras vacinas desenvolvidas na Rússia para uso de emergência: EpiVacCorona, produzida pelo Vector Institute em Novosibirsk, e CoviVac, do Chumakov Center em São Petersburgo, conhecida por sua colaboração com o cientista americano Albert Sabin, sobre a vacina poliomielite durante a guerra fria. Tal como aconteceu com a aprovação da Sputnik V, ambas as vacinas ainda não iniciaram testes clínicos em larga escala.


A EpiVacCorona não usa vírus vivo e, em vez disso, depende de antígenos peptídicos sintéticos, com base em uma seleção daqueles encontrados no SARS-CoV-2. Assim como recriar a proteína spike, essa abordagem usa fragmentos do vírus para solicitar uma resposta imunológica.


A CoviVac incorpora um vírus do resfriado inativado em tecnologia de "virião inteiro", semelhante às vacinas candidatas desenvolvidas pela empresa chinesa Sinovac e pela empresa indiana Bharat Biotech. Este método pode provocar uma resposta imunológica mais ampla, que poderia proteger contra múltiplas variantes (outras vacinas têm focado apenas na proteína de pico de SARS-CoV-2, que pode conter componentes específicos para variantes particulares).


Cientistas na Rússia também estão trabalhando em duas versões da vacina inicial do Sputnik V22: uma que precisa ser armazenada a -18 ° C, temperatura do freezer, e outra usa material seco (liofilizado) que pode ser armazenado de 2 a 8 ° C em uma variedade de refrigeradores padrão, que ajudariam no transporte e distribuição. Ainda mais versões da vacina também estão em desenvolvimento, incluindo uma alternativa de dose única.



Covid-19: a eficácia da vacina russa é de 91,6%, mostra os resultados do ensaio de fase III


Em um comentário publicado na British Medical Journal em 02/02/2021, um pesquisador britânico comenta sobre a eficácia da vacina russa Sputnik contra a Covid-19.


A vacina covid-19 desenvolvida pelo Gamaleya Research Institute, parte do Ministério da Saúde da Rússia, tem uma eficácia de 91,6%, de acordo com os resultados provisórios de um ensaio clínico de fase III. Os resultados, publicados no Lancet, mostraram que o regime de duas doses da vacina do vetor viral foi geralmente bem tolerado, sem eventos adversos graves associados, e eficácia semelhante em pessoas com idade superior ou inferior a 60 anos.


O Gam-COVID-Vac, também conhecido como Sputnik V, foi testado em 25 hospitais e policlínicas em Moscou entre 7 de setembro e 24 de novembro de 2020. Pouco menos de 15.000 voluntários receberam a vacina (dos quais 1.611 tinham 60 anos ou mais) e 4.902 recebeu o placebo (composição do tampão da vacina).


O desfecho primário foi a proporção de participantes com reação em cadeia da polimerase (PCR) confirmada para Covid-19 a partir do dia 21 após receber a primeira dose. De 21 dias após a primeira dose da vacina (o dia da segunda dose), o ensaio relatou 16 casos de Covid-19 no grupo da vacina (0,1%) e 62 casos (1,3%) no grupo do placebo. No entanto, os voluntários só foram testados para Covid-19 quando relataram os sintomas. Os dados de eficácia, portanto, incluem apenas casos sintomáticos.


Isso equivale a uma eficácia geral de 91,6%. Quando dividido por idade, o estudo relatou eficácia de 91,8% para aqueles com 60 anos ou mais, de 92,7% para aqueles com 51 a 60 anos, de 91,3% para aqueles com 41 a 50 anos, de 90,0% para aqueles com 31 a 40 anos e de 91,9% para aqueles com 18 anos a 30.


O estudo também descobriu que 14 dias após a primeira dose, a eficácia da vacina foi de 87,6%. A qualquer momento após a primeira dose, a eficácia foi de 73,1%. Os pesquisadores agora estão investigando um regime de dose única da vacina.


Os desfechos secundários incluíram gravidade da doença, e incidência ou gravidade dos eventos adversos. Não houve casos moderados ou graves de Covid-19 no grupo da vacina, mas 20 relatados no grupo do placebo. A maioria dos eventos adversos relatados foram leves, incluindo sintomas semelhantes aos da gripe, dor no local da injeção e fraqueza ou baixa energia.


A vacina usa tecnologia semelhante à vacina Oxford AstraZeneca, no entanto, segue um regime de iniciação e reforço. Os dois alvos usam vetores diferentes, o primeiro rAd26 e o ​​segundo rAd5, mas ambos carregam o gene para a proteína spike SARS-CoV-2 completa.


Alexander Edwards, professor associado de tecnologia biomédica da Universidade de Reading, disse que o projeto da vacina “visa gerar respostas imunológicas mais elevadas ao pico alvo usando dois alvos ligeiramente diferentes, o único elemento compartilhado da inoculação é o pico da Covid-19 . Isso é considerado benéfico para vacinas baseadas em adenovírus, caso contrário, se você tiver duas doses de vacina idênticas, seu sistema imunológico pode ser tão eficiente que elimina a segunda dose tão rapidamente que sua imunidade ao pico não aumenta tanto."


Ele acrescentou: “Embora o impulso inicial heterólogo tenha sido discutido e explorado experimentalmente nos últimos 20 anos, este poderia ser o teste humano em grande escala que finalmente prova o quão bem a abordagem pode funcionar para prevenir uma doença humana generalizada. Mais ensaios clínicos são urgentemente necessários para compreender a melhor maneira de combinar diferentes doses de vacina para proteção máxima, especialmente se programas regulares de vacinas semelhantes ao programa anual de influenza se tornarem importantes." O estudo Gam-COVID-Vac está em andamento e visa recrutar um total de 40.000 participantes.



Ivermectina ou fluvoxamina para tratamento ambulatorial de COVID-19


Comentário publicado na Medscape Pulmonary Medicineem 15/04/2021, em que um pesquisador americano comenta que sobre a possibilidade de uso das duas drogas no combate à Covid-19.


Chuck Vega, professor clínico de medicina familiar da University of California, Irvine, School of Medicine, fala sobre alguns testes recentes, entre pacientes ambulatoriais, com medicamentos reaproveitados para terapia da COVID-19. Tem se procurado melhores opções terapêuticas para COVID-19, particularmente no ambiente ambulatorial, onde a maioria dos pacientes com a infecção está sendo tratada. Ainda é intrigante o uso de alguns agentes específicos: a ivermectina e a fluvoxamina. Esses agentes foram usados ​​com bastante frequência em ambientes hospitalares e ambulatoriais para o tratamento de COVID-19. Mas quais são as evidências para o uso desses agentes?


Ivermectina


A ivermectina é um agente antiparasitário, normalmente usado para infecções por Strongyloides, mas também tem ações antivirais in vitro. A questão é se podemos obter os níveis de ivermectina in vivo, até o ponto em que possam reduzir a replicação viral. Há algumas pesquisas que apoiam o uso de ivermectina na COVID-19, que dizem que sim, e pode ser o caso. Podemos realmente tornar esta droga eficaz.


Uma revisão retrospectiva de 280 pacientes hospitalizados com COVID-19, em quatro instalações da Flórida, observou pacientes que receberam ivermectina. Este estudo foi feito no início da pandemia; a maioria dos pacientes também recebeu hidroxicloroquina, que não é mais usada agora. Mas era um grupo bastante doente de pacientes com idade média de 56 anos, e 55% da qual era da raça negra. Um quarto tinha doença pulmonar grave.


Comparando os pacientes que receberam ivermectina, com aqueles que receberam tratamento usual, não houve diferença em termos de tempo de internação ou taxas de extubação, mas eles encontraram uma diferença significativa e profunda no risco de mortalidade, a razão de chances foi de 27% no grupo de ivermectina. Mais ainda, as pessoas com doenças mais graves, eram mais propensas a se beneficiar da terapia com ivermectina.


Além disso, existe um ensaio clínico randomizado controlado não publicado em 180 pacientes hospitalizados que, de forma semelhante, encontrou não apenas um risco reduzido de mortalidade associada à ivermectina, mas também um menor tempo de internação hospitalar. Portanto, há um pouco de fumaça sugerindo que a ivermectina pode ser eficaz, particularmente para pacientes internados com COVID-19.


O único ensaio clínico randomizado controlado de tratamento com ivermectina para COVID-19, foi realizado em um único local, na Colômbia, incluindo 400 pacientes com sintomas leves de COVID-19, com menos de 7 dias de duração. Eles foram randomizados para receber ivermectina, 300 µg/kg por 5 dias, ou placebo. Eles tiveram problemas para combinar o placebo no início do estudo, porque a ivermectina tem um certo cheiro e sabor. Mas eles superaram isso até certo ponto, porque apenas uma pessoa por família tinha permissão para participar do estudo, até receber o placebo. Portanto, os pacientes que moravam na mesma casa, não podiam comparar o sabor ou a sensação do tratamento que estavam tomando, dando pistas sobre quem estava recebendo ivermectina e quem estava recebendo placebo.


Neste estudo randomizado, a idade mediana da coorte foi de 37 anos, 58% eram mulheres, 79% tinham comorbidade, e 58% foram tratados em casa. No geral, eles não encontraram nenhuma diferença comparando ivermectina e placebo. O tempo médio para resolução dos sintomas foi de 10 dias no grupo ivermectina, e 12 dias no grupo placebo. As descobertas foram semelhantes quando observamos a deterioração clínica, e o aumento do atendimento (incluindo internação hospitalar); estes eram bastante raros, menos de 5% no geral, sem diferença entre os grupos ivermectina e placebo.


Desta forma, para resumir a evidência para ivermectina, há um único ensaio clínico controlado randomizado, que mostra resultado negativo do uso da ivermectina, em pacientes com infecção por COVID-19 leve a moderada; e alguns dados observacionais fracos, sugerindo que a ivermectina pode ser eficaz para pacientes hospitalizados com COVID-19, reduzindo a mortalidade. No geral, entretanto, não há indicação de que devamos usar rotineiramente a ivermectina para a COVID-19 neste momento. E é importante notar que a Food and Drug Administration (FDA), a Organização Mundial da Saúde (OMS), e até mesmo o fabricante do medicamento, recomendaram contra o uso de ivermectina na COVID-19


Fluvoxamina


O outro agente que vale a pena mencionar, é a fluvoxamina. Este é um inibidor seletivo da recaptação da serotonina, usado no tratamento da depressão. É barato e bem tolerado, por isso pode ter ampla aplicação. Ele tem alguma interação do citocromo p450, o que é sempre algo com que se preocupar, mas não parece prolongar o intervalo QT. Além disso, tem alguns efeitos no retículo endoplasmático, em termos de redução da produção de citocinas. A questão é se essa droga poderia ajudar potencialmente na patologia da COVID-19, que envolve um excesso de inflamação.


Um estudo de coorte foi concluído em um local de trabalho da Califórnia, onde houve um surto de COVID-19. Um amplo grupo de trabalhadores foi testado para SARS-CoV-2. Os positivos receberam fluvoxamina (dose de ataque de 50 mg ou 100 mg, seguida de 50 mg duas vezes ao dia por 14 dias) ou tratamento usual (grupo de observação).


Houve 113 testes positivos, e metade desses casos positivos, era de assintomáticos. Apenas 65 participantes optaram por receber fluvoxamina, e 48 recusaram. Aqueles que receberam fluvoxamina, tendem a ser mais sintomáticos. Eles também tinham taxas mais altas de diabetes. A fluvoxamina foi associada a melhores resultados neste estudo, em termos de taxas de hospitalização (0% no grupo da fluvoxamina e 12,5% no grupo de observação), e persistência dos sintomas (nenhum do grupo da fluvoxamina e 60% do grupo de observação). Este não foi um ensaio metodologicamente rigoroso, mas ainda demonstra alguns resultados positivos para a fluvoxamina.


Um ensaio clínico randomizado de fluvoxamina, conduzido exclusivamente em pacientes de telessaúde, também foi publicado. A maioria dos pacientes do estudo tinha COVID-19 leve, com sintomas com menos de 7 dias de duração. Todos tinham saturação de oxigênio acima de 91%. Eles foram randomizados para fluvoxamina (100 mg três vezes ao dia) ou placebo por 15 dias. Os resultados que foram observados, eram taxas de hospitalização, falta de ar, necessidade de oxigênio suplementar ou queda da saturação de oxigênio (< 92%).


Entre os 152 adultos que foram randomizados, a mediana de idade foi de 46 anos, 76% eram mulheres, 25% eram negros, e 76% completaram o ensaio, com 24% desistindo. Mas houve uma melhora significativa no grupo fluvoxamina versus o grupo placebo, no amplo desfecho de deterioração clínica (0% no grupo fluvoxamina e 8,3% no grupo placebo). Não houve diferença na taxa de visitas ao departamento de emergência, mas a fluvoxamina foi associada a uma taxa mais baixa de efeitos colaterais, em relação ao placebo. Este estudo teve algumas limitações. Isso foi feito em uma localização geográfica, e analisou um pequeno número de resultados. Um em cada 5 pacientes desistiu no dia 15.


Desta forma, a fluvoxamina tem algum suporte positivo de um ensaio clínico randomizado e controlado, entre pacientes ambulatoriais com a COVID-19. Mas os autores desse estudo concluíram, que seus resultados eram mais geradores de hipóteses, do que uma indicação clara de que este é um tratamento eficaz. Mais estudos precisam ser feitos com a fluvoxamina.


Os médicos lutam para entender a Longa Covid, mas as causas e o prognóstico são ainda duvidosos


Comentário publicado na Medscape Pulmonary Medicine em 22/04/2021, em que pesquisadoras americanas comentam que o quer que a "Longa COVID" signifique, continua a surpreender os especialistas médicos.


Uma noite em março de 2020, Joy Wu sentiu que seu coração ia explodir. Ela tentou se levantar e caiu. Ela não reconheceu os nomes dos amigos em sua lista de contatos telefônicos. Lembrar como discar o número de emergência, 9-1-1, levou "um pouco de tempo", ela disse recentemente. Wu, 38, não tinha febre, tosse ou dor de garganta, os sintomas mais associados à COVID-19 na época, então os médicos do hospital disseram que ela estava tendo um ataque de pânico. Mais tarde, porém, ela desenvolveu esses sintomas, junto com dificuldade para respirar, fadiga e problemas neurológicos.


Wu, de San Carlos, Califórnia, acredita que teve COVID-19, embora, como muitos outros pacientes, que não puderam fazer o teste no início da pandemia, ela nunca tenha recebido um diagnóstico oficial. E, ela disse, seus efeitos colaterais continuam a atormentá-la. Wu tem lutado para obter ajuda de médicos, mesmo daqueles que levam seus sintomas a sério. "Não há tratamento real", disse ela, para pessoas que apresentam esses sintomas duradouros, geralmente chamados de Longa COVID. Ao buscar ajuda, "você é basicamente uma cobaia neste momento".


Para pessoas que sofrem de sintomas persistentes e debilitantes, meses após uma luta com COVID-19, estabelecer uma definição para Longa COVID pode parecer inútil. Eles só querem alívio. "Não me importa se é COVID ou alguma outra doença", disse Wu. "Quero melhorar."


Mas para especialistas em saúde pública, pesquisadores médicos, e prestadores de cuidados de saúde, é vital compreender as causas, os fatores de risco e o espectro dos sintomas. "Não há um único sinal ou teste de laboratório, que possa distinguir essa síndrome de outra coisa", disse o Dr. John Brooks, diretor médico do Centro de Controle e Prevenção de Doenças, na área de resposta ao COVID. "Ter algo que possamos usar para definir um caso de Longa COVID é fundamental, para rastrear quantas pessoas a tiveram, e que tipo de tratamento fazem, para estabelecer critérios de pesquisa para ensaios clínicos.


Não é uma tarefa fácil. Não existe uma Longa COVID típica. Após uma infecção, os sintomas iniciais de algumas pessoas não diminuem, enquanto outras desenvolvem sintomas totalmente novos, que podem afetar vários órgãos e sistemas. Estudos documentaram centenas de problemas persistentes, mas fadiga intensa; dor no peito; problemas de memória e concentração, muitas vezes referidos como "névoa do cérebro"; falta de ar; e a perda do paladar e do olfato, são os mais comuns.


Ter sido hospitalizado ou colocado em um respirador, não é um sinal confiável de que alguém desenvolverá a doença. Muitos jovens, pessoas previamente saudáveis, que tiveram uma infecção inicial leve, estão lutando contra a doença por muito tempo. Os sintomas de algumas pessoas se arrastam por meses após a infecção aguda, enquanto os sintomas de outras diminuem, e fluem em uma "montanha-russa" de recaída e recuperação.


Em fevereiro, o National Institutes of Health, anunciou uma verba para pesquisas de quatro anos de US $ 1,15 bilhão, para estudar as causas e a prevenção da Longa COVID. A nova pesquisa impulsionará o número crescente de estudos já publicados.


Mais jovem e mais doente


Um ano atrás, quando o novo coronavírus estava surgindo em Nova York, o Mount Sinai Health System criou um aplicativo para monitorar pacientes com COVID-19 em casa, disse David Putrino, diretor de inovação em reabilitação do sistema. No início de maio, era evidente que cerca de 10% desses pacientes não hospitalizados, não estavam melhorando, disse ele. Muitos eram mais jovens e, até ficarem doentes, mais saudáveis ​​do que a média dos pacientes de COVID-19. E eles estavam lutando contra novos sintomas que não experimentaram em sua doença original, como palpitações cardíacas e fadiga extrema.


Uma equipe interdisciplinar, passou a atender esses pacientes, no que mais tarde se tornou o Centro de Atendimento Pós-COVID. Até 30% dos pacientes apresentam sintomas persistentes, que são uma continuação daqueles que sentiam quando estavam gravemente doentes, disse Putrino. Os outros 70% tendem a ter novos sintomas específicos de Longa COVID.


A clínica do Monte Sinai, que gerencia o atendimento de cerca de 900 pacientes com Longa COVID, é uma das várias dezenas em todo o país, dedicadas à recuperação de COVID-19, embora os parâmetros para os quais os pacientes se tratam, variem. Muitos envolvem múltiplas especialidades médicas, enquanto outros são dedicados a sintomas neurológicos ou pulmonares, ou aos efeitos colaterais da permanência na UTI. Alguns exigem que o paciente tenha um diagnóstico positivo ou teste de anticorpos.


Putrino observou que, alguns sintomas dos quais os pacientes com Longa COVID se queixam, são semelhantes aos que afetam pessoas com "síndrome pós-viral", que estão se recuperando de infecções graves como o Ebola e a Zika. Essas infecções virais podem causar inflamação grave e sintomas residuais, que duram meses ou anos, disse o Dr. Steven Deeks, professor de medicina da Universidade da Califórnia em San Francisco que está rastreando pessoas com sintomas de Longa COVID.


Outros pesquisadores sugeriram, que a Longa COVID pode realmente abranger uma série de síndromes distintas, incluindo síndrome de tratamento pós-intensivo, transtorno de estresse pós-traumático ou encefalomielite miálgica, às vezes chamada de síndrome da fadiga crônica. Outros ainda observam, que alguns sintomas de Longa COVID, se parecem com disautonomia, um termo para desordens do sistema nervoso autônomo, que regula a respiração e a frequência cardíaca, entre outras coisas. A disautonomia é um transtorno provocado por alterações do sistema nervoso autônomo, quando um desequilíbrio do sistema simpático/parassimpático afeta as funções involuntárias que ajuda a coordenar. Algumas situações favorecem o aparecimento desses episódios.


O que quer que a "Longa COVID" signifique, continua a surpreender os especialistas médicos. Se alguém tem um surto grave de pneumonia, uma infecção que inflama os alvéolos nos pulmões, não é surpreendente que ele tenha uma tosse forte por alguns meses, enquanto seu corpo se cura lentamente, disse Brooks, do CDC. Mas, com uma infecção por COVID-19, às vezes a tosse não passa por muitos meses e, junto com ela, alguém pode ter névoa cerebral. Outro pode desenvolver encefalite, um inchaço do cérebro. "Este não é um grupo de sintomas que vemos depois de uma infecção respiratória viral típica", disse Brooks.


Uma esperança para os pacientes


Existem várias teorias de pesquisas sobre o que causa a Longa COVID.


Alguns estudos sugerem, que o vírus ou seus resquícios, podem se esconder no corpo e continuar a estimular o sistema imunológico, a persistência viral. Ou o vírus pode ter sido eliminado, mas "o sistema imunológico continua lutando contra um inimigo que foi percebido, mas que não foi informado de que a guerra acabou", disse o Dr. Michael Saag, professor de medicina e doenças infecciosas da Universidade do Alabama-Birmingham. Ou determinados tecidos do corpo podem ter sido danificados durante a resposta imunológica inicial, causando sintomas de longo prazo.


Apesar dos trabalhos já publicados de pesquisadores respeitados, e de especialistas em saúde pública, os céticos permanecem. Alguns médicos reclamam que o diagnóstico está sendo impulsionado por grupos de interesse, e não pela ciência. Outros o comparam a outras condições crônicas, como a fibromialgia, para as quais não existem testes diagnósticos definitivos. Alguns sugerem que é uma doença psicossomática. Os pacientes e seus defensores, desempenharam um papel crucial, em chamar a atenção e ganhar aceitação médica para a Longa COVID.


"A maioria das pessoas que vemos sofrendo de Longa COVID, não eram as que estavam no hospital e em respiradores", disse Berrent. “Essas são pessoas que geralmente tinham o que eu tinha, eu chamo de variedade “Tylenol e Gatorade” da COVID, que pode ser enfrentada em casa.


Muito parecido com os pacientes com encefalomielite miálgica/síndrome da fadiga crônica, as pessoas com Longa COVID, dizem que encontrar provedores médicos de apoio é um problema, disse Emily Taylor, cofundadora da Long COVID Alliance, que engloba 21 outras organizações, para chamar a atenção para as doenças pós-virais.


A Longa COVID apresenta uma oportunidade de encontrar respostas, não apenas para a Longa COVID, mas também, para uma série de condições que têm lutado por apoio financeiro para pesquisa. "A comunidade de pesquisa pós-viral está se reunindo agora para abordar a COVID-19", disse Taylor. "Francamente, não há outra opção."


Podemos um dia, chegar ao 'COVID Zero'? Especialistas preveem os próximos 8 meses.


Comentário publicado na Medscape Pulmonary Medicine em 22/04/2021, em que pesquisadores americanos comentam que é provável que a COVID-19 siga um padrão sazonal, semelhante a alguns outros vírus respiratórios, com menos casos no atual verão, seguido por um pico durante o próximo inverno.


Se esse padrão se mantiver, pode significar a necessidade de reforçar a mensagem de uso da máscara conforme o tempo fique mais frio, e as pessoas mais uma vez se reúnam dentro de casa.


"No momento, estamos projetando que os Estados Unidos, até 1º de agosto, terão 619.000 mortes por COVID-19, com 4,7 milhões globalmente", disse Ali H. Mokdad, PhD, professor da University of Washington em Seattle, durante o briefing de hoje patrocinado pela Infectious Diseases Society of America (IDSA).


A notícia encorajadora, é que as vacinas parecem estar funcionando, e mais americanos as estão recebendo. "Se você olhar os dados dessas vacinas, elas são extremamente seguras, extremamente eficazes e o tornam basicamente imune, na maior parte das vezes, a doenças graves, hospitalização ou morte", disse Amesh Adalja, MD, bolsista sênior do Centro de Segurança Sanitária da Universidade Johns Hopkins em Baltimore.


"Essas vacinas fazem o que deviam fazer: neutralizam esse vírus", disse Adalja, que é bolsista do IDSA e professora assistente adjunta da Escola de Saúde Pública Johns Hopkins Bloomberg. Dados emergentes de Israel e de outros países sugerem que uma pessoa vacinada, tem menos probabilidade de transmitir o vírus também, acrescentou ele.


Ainda visando a imunidade de rebanho


Além disso, a Food and Drug Administration (FDA) dos EUA, provavelmente aprovará em breve a autorização de uso de emergência (AUE) das vacinas entre adolescentes de 12 a 15 anos, expandindo assim o número de pessoas potencialmente protegidas pela vacinação. Essa autorização poderia ajudar nos esforços gerais de saúde pública. "Essa é simplesmente uma fórmula matemática", disse Adalja. "Quanto mais pessoas forem vacinadas, incluindo crianças, mais rápido obteremos imunidade coletiva."


Além disso, com números menores sendo esperados neste verão, a imunidade coletiva pode se tornar mais viável, disse Mokdad, que também é diretor de estratégia para saúde da população na Universidade de Washington. Por mais importante que seja a imunidade coletiva, a chamada dissociação é "mais importante para mim", disse Adalja. A dissociação, refere-se à separação das infecções mais leves dos desfechos mais graves, de modo que as pessoas que tomam a vacina da COVID-19, têm menos probabilidade de precisar de hospitalização ou mesmo morrer por causa da doença. As vacinas recebem o crédito aqui, acrescentei, inclusive com as variantes. "Mesmo se você pegar uma infecção com uma variante após a vacina, não é provável que a doença o leve ao hospital, ou cause uma doença séria ou morte", disse Adalja.


Máscaras e o resfriado incomum


Usar uma máscara, até atingirmos a imunidade coletiva, é importante porque não é possível dizer quem foi vacinado e quem não foi, disse Mokdad. “Lembre-se, como muitas pessoas ainda estão esperando para serem vacinadas, todos nós temos que usar uma máscara”, disse ele.


Adalja concordou, acrescentando que as orientações de saúde pública sobre máscaras, provavelmente permanecerão em vigor, até que cruzemos o limite de imunidade do rebanho, e a circulação do vírus na comunidade diminua. "As pessoas provavelmente vão querer continuar usando máscaras, pelo menos em certa proporção, porque veem o benefício para outros vírus respiratórios", disse Adalja. "Quantos de vocês tiveram um resfriado comum este ano?"


E sobre as variantes: algumas boas notícias?


Os especialistas estão monitorando a disseminação de variantes preocupantes, nos Estados Unidos e no exterior. Em uma nota positiva, a variante B.1.1.7, identificada pela primeira vez no Reino Unido, parece ser dominante nos EUA neste momento, o que é potencialmente bom por duas razões. Uma delas é que as vacinas COVID-19 disponíveis, mostram eficácia suficiente contra a cepa, disse Mokdad.

Em segundo lugar, a predominância da B.1.1.7, torna mais difícil para outras variantes emergentes de preocupação como a P1 do Brasil, ou a B.1.351 da África do Sul, de obter o controle, disse Adalja. "A B.1.1.7 é um transmissor muito eficiente", disse ele. "Isso é uma espécie de vantagem, porque quanto mais predominar a B.1.1.7, menos oportunidade terão a B.1.351 e a P1 de se estabelecerem."


Hesitação e desinformação


A hesitação vacinal, continua sendo uma preocupação, especialmente em um momento em que alguns preveem, uma queda no número de americanos que procuram a vacinação. Embora a fobia de agulha desempenhe um papel em dissuadir alguns da vacinação, o maior problema é a desinformação da vacina, disse Adalja. “Algumas pessoas ficam apavoradas ao ver a agulha. Essa é uma pequena parte da proporção de pessoas que não querem ser vacinadas”, disse Adalja. Em contraste, atribuí grande parte da hesitação à desinformação sobre a vacina, incluindo relatos de que as vacinas são falsas.


Até as celebridades estão sendo atraídas para a desinformação. “Eu já tive que responder algo sobre a vacinação de Mariah Carey”, disse Adalja. Alguém acreditava "que isso foi feito com uma agulha retrátil que realmente não entrou em seu braço".


A hesitação vacinal é mais sobre as pessoas não entenderem a análise de risco-benefício, levando os efeitos colaterais para fora do contexto, isso se houver efeitos colaterais, ou sendo influenciadas por "declarações arbitrárias sobre introdução de microchips, sobre causar infertilidade ou o que quer que seja", disse Adalja.


O futuro está sujeito a mudanças


"Esperamos outro aumento nos casos, e mais mortalidade na próxima temporada de inverno aqui nos Estados Unidos", disse Mokdad, acrescentando que a eficácia das vacinas, provavelmente atenuará a taxa de mortalidade em particular. No entanto, conforme a epidemiologia da pandemia evolui, o mesmo acontecerá com as previsões de longo prazo. Os fatores que podem influenciar os números futuros, incluem a expansão da vacinação para adolescentes de 12 a 15 anos, e eventualmente em crianças mais novas, a necessidade de vacinas de reforço, o surgimento de variantes emergentes, e a mudança na proporção da população que está totalmente vacinada ou previamente infectada.


Novamente, fazer as pessoas aderirem ao uso de máscara no inverno, pode ser um desafio, se o cenário durante o verão estiver muito perto do normal, com menos de 200 mortes por dia nos Estados Unidos", acrescentou. Pedir às pessoas que usem máscaras novamente, será como "nadar contra a corrente".


"Acho que é um erro pensar que vamos chegar à 'COVID zero'", disse Adalja. "Esta não é uma doença erradicável. Só houve uma doença infecciosa humana erradicada do planeta, que foi a varíola, mas que tinha características muito diferentes."


Novas variantes da Covid-19: conhecidas desconhecidas


Comentário publicado na British Medical Journal em 21/04/2021, onde um painel de especialistas discutiu o que são, de onde vêm e o que podem fazer; bem como o que sabemos sobre como determinadas variantes influenciam a transmissão, a gravidade e a imunidade, e o que tudo isso significa para o futuro da pandemia.


Novas variantes: o que são, de onde vêm e o que podem fazer?


Aine O ’Toole, da Universidade de Edimburgo, forneceu o momento de onde estamos: “Para o SARS-CoV-2, vemos em média uma nova mutação transmitida a cada duas semanas, porque as variantes não são uma coisa nova. Existem novas variantes e os cientistas têm rastreado variantes do SARS-CoV-2 há mais de um ano”, disse ela.


“Portanto, sabemos que o vírus continuará a sofrer mutações, evoluir, se espalhar e gerar novas variantes. Mas não sabemos necessariamente quais serão essas variantes, nem sabemos onde ocorrerão, ou quando ocorrerão. Precisamos sequenciar para detectar essas variantes e em que lugares. Que relação a pouca vigilância genômica pode ter na diversidade do SARS-CoV-2, que é amplamente ignorada? Sabe-se que existem tendências no conjunto de dados, mas não sabemos a extensão dessas tendências ou o quanto podemos inferir das amostragens das tendências das populações. Também sabemos que as pessoas são os meios pelos quais o vírus se espalha, por isso podemos tentar contabilizar alguns desses vírus.”


Ravindra Gupta, da Universidade de Cambridge, relata o que sabemos sobre por que as novas variantes surgiram, e alguns dos fatores que podem ser responsáveis, embora tenha acrescentado a advertência de que, é claro, como acontece com todas as incógnitas obscuras, não sabemos com certeza.


“Logo depois que a pandemia foi declarada, reconheceu-se que algumas pessoas estavam espalhando o vírus por um número considerável de dias e semanas, e cada vez mais percebeu-se que a eliminação era enriquecida em indivíduos que tinham imunidade abaixo da ideal.”


Gupta descreveu o caso de dois pacientes imunocomprometidos, e os usou para ilustrar como o vírus está sofrendo mutação. “Achamos que novas variantes estão surgindo dentro de um hospedeiro, aprendendo a se adaptar ao sistema imunológico, para daí adquirir múltiplas mutações. Alguns são projetados para escapar. Alguns são projetados para restaurar a infectividade”, concluiu ela.


Wendy Barclay, do Imperial College London, falou sobre porque algumas variantes são mais transmissíveis, e o que podemos aprender com os experimentos de laboratório. O que estamos interessados ​​em fazer é entender as características genéticas dessa variante do vírus (B.1.1.7), que permitem que ela se transmita tão bem, disse ela.


“Pode ser, por exemplo, que uma variante permita um maior derramamento devido à maior replicação. E se alguém está infectado ou a eliminação é prolongada, há mais chance dessa pessoa encontrar indivíduos suscetíveis. Pode ser que o vírus cause diferentes tipos de doenças, se espalhe para diferentes partes do corpo, tornando as contaminações mais prováveis. Esses vírus emitidos, podem sobreviver melhor por um tempo no ambiente, ou pode ser na outra extremidade, no receptor, que apenas uma dose menor do vírus seja necessária para iniciar a infecção produtiva.


“E isso pode ser por muitos motivos. Talvez o vírus, por exemplo, seja bom em evitar a resposta imune inata. Ou atingiu um número maior de indivíduos suscetíveis, talvez porque agora seja capaz de escapar da imunidade adquirida. “As incógnitas conhecidas aqui, é que já sabemos que existem muitas variantes. Sabemos que elas têm diferenças genéticas. Mas o que essas diferenças genéticas significam em termos de nossa capacidade de controlar o vírus no futuro?”


O que sabemos sobre como determinadas variantes influenciam a transmissão, a gravidade e a imunidade?


Variante B.1.1.7 do Reino Unido


Muge Cevik, da Universidade de St Andrews, discutiu a variante B.1.1.7, como detectamos B.1.1.7 no Reino Unido, e o que sabemos sobre a gravidade e mortalidade associadas a essa variante. “Um dos assuntos mais debatidos consistentemente, é se essa variante é particularmente mais infecciosa em pessoas mais jovens, crianças e adultos jovens. Os dados de novembro a dezembro de 2020 mostraram que a proporção da participação da variante por idade, foi maior em crianças de 10 a 19 anos. A Inglaterra estava fechada com o resto, mas as escolas estavam de volta ao ensino em tempo integral na época. E quando incluímos o resto dos dados de dezembro a janeiro, basicamente a diferença desapareceu. Concluímos, portanto, que não há evidências que sugiram que a variante favorece mais certas faixas etárias do que outras.


E no final de novembro, você pode ver que as crianças, basicamente crianças do ensino médio, tinham a maior prevalência em todas as faixas etárias. Isso pode estar relacionado à transmissão dentro da escola na época em que B.1.1.7. estava circulando. Mas isso também foi na época em que existia um bloqueio nacional. Portanto, os adultos se conectavam muito menos. Então, de certa forma, as crianças tinham mais dados de mobilidade na época.


“Chegamos à conclusão de que B.1.1.7 é cerca de 1,5 vezes mais transmissível em todas as faixas etárias do que outras variantes, mas não mais em crianças do que em adultos. E a vantagem do condicionamento físico foi observada em diferentes países. Há evidências que sugerem aumento da mortalidade e hospitalização. Mas isso é visto principalmente acima de 65 anos, em pessoas com comorbidades. Precisamos ter certeza de que essa amplificação da transmissão e da gravidade acontecerá, onde a carga e as lacunas em nossas medidas de mitigação já existem, em lares de idosos, prisões, abrigos e locais de trabalho. E ainda precisamos de mais dados para entender os mecanismos biológicos para a vantagem da transmissão.”


Variante B.1.351 da África do Sul


Richard Lessells, da Universidade de KwaZulu-Natal, África do Sul, começou sua discussão sobre a variante B.1.351, compartilhando algumas estatísticas do SARS-CoV-2 da África do Sul, ao reconhecer alguns relatos falsos de que a África foi “poupada” da epidemia. “Infelizmente, isso não poderia estar mais longe da verdade.” Lessells explicou, que a África do Sul experimentou duas ondas, a primeira em junho a agosto de 2020, e a segunda em dezembro de 2020 a janeiro de 2021. “Tomamos conhecimento dessa variante por volta de novembro, na mesma época da B.1.1.7,” mas foi analisado em outubro, e a análise mostrou que provavelmente surgiu ainda antes disso, talvez quando a África do Sul estava saindo de sua primeira onda. “O que sabemos”, disse Lessells, “é que surgiu de uma parte do país que foi particularmente afetada pela primeira onda, e teve uma proporção substancial da população infectada”.


Ao considerar a distribuição das linhagens SARS-CoV-2 ao longo do tempo, Lessells mostrou que várias linhagens diferentes estavam circulando na África do Sul durante a primeira onda, mas que uma vez que a variante B.1.351 (501Y.V2) emerge, ela rapidamente se tornou a linhagem predominante obtida na vigilância genômica. “Ele desloca as outras linhagens. Em poucas semanas, representa 80-90%, e agora está muito perto de 100% dos genomas que estamos amostrando na África do Sul”.


Estava claro que a variante tinha algum tipo de vantagem evolutiva, e por meio de modelagem matemática, as primeiras estimativas mostraram que a B.1.351 era 50% mais transmissível do que as linhagens que circulavam anteriormente. “Isso fez sentido para nós, pois era consistente com algumas das estimativas iniciais em torno da B.1.1.7, e essas duas variantes têm essa mutação compartilhada; o N501Y”, sugerindo que esse foi o motivo da alta transmissibilidade que ambas as variantes compartilham. No entanto, Lessells ressaltou que também poderia ser explicado pelo fato de a 501Y.V2 ter evitado 21% da imunidade previamente adquirida, sem qualquer aumento da transmissibilidade. Isso significa que ela pode ser capaz de reinfectar indivíduos previamente infectados, que adquiriram "imunidade".


Lessells concluiu, que os dados genômicos implicam fortemente que a 501Y.V2 se espalha de forma mais eficiente pela população, o que pode estar relacionado à transmissibilidade ou evasão imunológica, ou ambas. As evidências sobre a evasão imune e o risco de reinfecção permanecem obscuras, e se a 501Y.V2 está associada ao aumento da gravidade da doença e morte, também permanece desconhecido.


Variante P1 do Brasil


Esther Sabino, da Universidade de São Paulo, explicou como a epidemia no Brasil começou no final de fevereiro de 2020. Embora ainda haja muitas incógnitas sobre a variante P1, as principais mutações envolvidas são K417T, E484K e N501Y. A transmissibilidade com a variante P1 é aumentada, permitindo que ela se espalhe de forma mais eficiente pela população.


Sabino citou um modelo matemático usado para investigar a variante P1, segundo o qual P1 tinha 10-80% mais chances de resultar em morte. Não existe clareza, no entanto, sobre outros fatores que podem ter aumentado as taxas de mortalidade e, portanto, a letalidade da variante P1 ainda precisa ser confirmada. A evasão imunológica de infecção anterior parece ser provável, pois vários casos de reinfecção foram relatados.


Futuro da pandemia - sequenciamento


Jeff Barrett, Wellcome Sanger, discutiu o sequenciamento de genomas para detectar as novas variantes. Ele compartilhou imagens das geladeiras em grande escala, para onde restos de testes de PCR concluídos são enviados para serem usados ​​como amostras de vírus e sequenciados. “Agora estamos sequenciando entre 10 a 20 mil amostras de vírus todas as semanas, e rapidamente colocando esses dados nas mãos de acadêmicos e agências de saúde pública no Reino Unido.”


Ele compartilhou que sua equipe se concentra principalmente em “reduzir o tempo entre o momento em que o swab está no nariz de alguém, e quando a sequência está nas mãos de agências de saúde pública”, que no início era cerca de duas semanas, enquanto agora é pouco menos de 1 semana. Barrett apontou as dificuldades enfrentadas ao longo do caminho com as cadeias de suprimentos, como resultado do Brexit e da pandemia em si.


“O que esperamos, é que outros países possam aprender com o fato de descobrirmos essas coisas daqui para frente”, acrescentou Barrett, que citou a Dinamarca como exemplo, onde os cientistas também sequenciaram uma grande fração de testes positivos, o que ireduziu as restrições mais rígidas do país .


“Se a B.1.1.7 ainda não varreu seu país, aja rápido!” concluiu Barrett, “Se sim, vacine rapidamente e esteja atento a variantes que podem ser bem menos neutralizadas por vacinas, como por exemplo, a B.1.351. E de qualquer maneira, sequencie o máximo possível de casos em 2021 e além. Precisamos saber o que está acontecendo para que, quando estivermos à frente do vírus, possamos estar à frente dele ajustando vacinas ou mudando as medidas de bloqueio.”


Implicações para o direito internacional e viagens


Alexandra L Phelan, da Universidade de Georgetown, Washington, EUA, explicou que a lei que rege a propagação internacional de doenças, foi inicialmente desenvolvida durante a Revolução Industrial, quando um movimento repentino ocorreu, através de navios a vapor e trens a vapor cruzando as fronteiras. Isso aconteceu junto com os primórdios da teoria dos germes, e uma falta de compreensão sobre quais medidas de controle seriam legítimas. “Como resultado, seguiram-se graves violações dos direitos humanos.” “Muito do nosso direito internacional atual, apesar de ter sido adotado após a SARS em 2002-03, é realmente construído sobre esse tipo de normas históricas”, acrescentou Phelan.


As leis visam prevenir, proteger, controlar e fornecer uma resposta de saúde pública, contra a propagação internacional de doenças, de formas que sejam proporcionais e restritas aos riscos de saúde pública, mas também evitem interferência desnecessária no tráfego e comércio internacional. “Essa interferência desnecessária, tornou-se um ponto de contato durante a pandemia, porque não significa necessariamente nenhuma interferência no tráfego e comércio internacional. Não tivemos orientação suficiente sobre isso, em parte devido à falta de evidências históricas, para realmente descobrir como devemos introduzir medidas na ideia do que é “necessário” à luz da Covid-19, e com o surgimento de novas variantes.


Phelan discutiu ainda sobre os passaportes para vacinas. “Vimos empresas e países, com blocos regionais, buscarem adotar seus próprios passaportes de vacinação, mas a realidade é que isso é regido pelo direito internacional. Existem duas maneiras pelas quais você poderia ter um passaporte de vacina recomendado, e uma seria pelo fato de estarmos em uma emergência de saúde pública de interesse internacional, o que dá jurisdição à Organização Mundial da Saúde, para fazer a recomendação. Nesta fase, a OMS não recomendou o uso de passaportes de vacinação, e isso porque é bastante complexo. É por isso que temos apenas uma doença com esse nível de detalhe, febre amarela, que conta com um certificado internacional de vacinação.”


“Há espaço para os países chegarem a um consenso sobre isso. Se tivermos essa abordagem fragmentada em que empresas, companhias aéreas ou governos, planejem seus próprios esquemas de passaporte de vacina, concretamente começaremos ter problemas com a distribuição global desigual de vacinas, o que significa que pessoas de algumas partes do mundo poderão viajar e outras não.” Phelan concluiu que “nossa legislação internacional existente é insuficiente, e as variantes agravam esse problema”.


Como as variantes afetam a eficácia da vacina e implicações para a política


Akiko Iwasaki, da Universidade de Yale, nos Estados Unidos, discutiu a eficácia da vacina para variantes preocupantes. Ela compartilhou incógnitas, como o fato de que algumas variantes podem causar reinfecção, mas não temos dados suficientes para confirmar a extensão disso. Algumas variantes (E484K, L452R), parecem reduzir a eficácia da vacina e a imunidade natural pré-existente, portanto, não sabemos se as respostas das células T, são suficientes para proteger contra as variantes em questão. Variantes preocupantes também podem aumentar o alcance a mais hospedeiros, e a resistência do interferon.


Iwasaki sugeriu, que o que podemos fazer para prevenir a disseminação de variantes preocupantes, inclui vacinar o mais rápido possível com as vacinas existentes, já que as testadas até agora previnem a forma severa e letal da Covid-19, causada pelas variantes preocupantes. Ela também destacou a importância de se aumentar a vigilância do genoma viral e, subsequentemente, adaptar as vacinas para corresponder às variantes preocupantes nas regiões-alvo. Essas vacinas ajustadas, podem ser administradas como reforços, ou como primeira injeção. Iwasaki acrescentou que devemos tratar agressivamente os pacientes imunocomprometidos, com coquetéis de anticorpos monoclonais, para eliminar o desenvolvimento de novas variantes, bem como desenvolver vacinas bloqueadoras da transmissão.


A resposta do anticorpo à vacina pode ser maior em pessoas com infecção prévia por SARS-CoV-2 do que após uma vacinação completa.


Comentário publicado na Pulmonology Advisorem 22/04/2021.


Para pessoas com história de infecção prévia com síndrome respiratória aguda grave coronavírus 2 (SARS-CoV-2), o título de anticorpos neutralizantes é maior, após uma dose de vacina de mRNA, do que após duas doses de vacina entre pessoas não infectadas anteriormente, de acordo com um estudo de pesquisa publicado online em 14 de abril no New England Journal of Medicine.


Gabriele Anichini e colegas, da Universidade de Siena, na Itália, conduziram um estudo de coorte observacional envolvendo 100 profissionais de saúde, incluindo 38 que tinham história documentada de infecção por SAR-CoV-2,e 62 que não haviam sido infectados anteriormente. Ambos os grupos receberam a vacina de mRNA BNT162b2. Amostras de soro foram obtidas 10 dias após a administração da primeira dose em participantes previamente infectados e 10 dias após a segunda dose em participantes previamente não infectados.


Os pesquisadores não observaram nenhuma diferença significativa nos títulos circulantes de anticorpos da IgG anti-spike entre as amostras de participantes previamente infectados e não infectados (nível médio: 20.120 e 22.639 unidades arbitrárias/mL, respectivamente). Amostras de participantes previamente infectados tinham níveis significativamente mais altos de anticorpos neutralizantes, do que aqueles de participantes não infectados anteriormente (título médio geométrico: 569 versus 118).


“Essas descobertas fornecem evidências de que, após a administração de uma única dose de vacina, a resposta humoral contra SARS-CoV-2 em pessoas com histórico de infecção por SARS-CoV-2, é maior do que a resposta em participantes não infectados previamente, que receberam um segunda dose ”, escrevem os autores.



Covid-19: O que sabemos sobre a transmissão aérea do SARS-CoV-2?


Comentário publicado na British Medical Journal em 22/04/2021, em que pesquisadores de diversos países comentam como a Covid-19 se espalha, e nos explicam o que as evidências atuais nos dizem sobre a transmissão aérea do vírus, sendo essa, uma das questões mais debatidas da atual pandemia.


O que significa transmissão aérea?


Os cientistas distinguem entre doenças infecciosas respiratórias, as classificadas como "transportadas pelo ar", que se espalham por aerossóis suspensos no ar, e as infecções que se espalham por outras rotas, incluindo as "gotículas" maiores.


Aerossóis, são minúsculas partículas líquidas do trato respiratório, que são geradas quando alguém exala, fala ou tosse, por exemplo. Eles flutuam no ar e podem conter vírus vivos, como sarampo e varicela. Ambos são exemplos de doenças altamente infecciosas, classificadas como transmitidas pelo ar porque se espalham por aerossóis.


Por outro lado, acredita-se que doenças como a gripe, se espalhem principalmente por meio de gotículas respiratórias maiores. Elas não flutuam tão facilmente, e têm maior probabilidade de cair no solo a 1-2 m de distância da fonte.


Uma doença transmitida pelo ar, pode ser mais transmissível em geral. Por exemplo, aerossóis produzidos pela pessoa infecciosa A, podem se acumular em uma sala pequena e mal ventilada com o tempo. A pessoa A pode sair da sala, mas deixar seus aerossóis para trás. Se a pessoa B entrasse na sala e passasse algum tempo lá, ela poderia se infectar ao respirar o ar contaminado.


Mas esses dois modos de transmissão, aerossol ou gotícula, não são necessariamente mutuamente exclusivos, e as definições de “gota” e “aerossol” são um problema. “Eles deveriam mudar a terminologia”, diz Julian Tang, virologista consultor da Leicester Royal Infirmary. “As gotículas atingem o solo, não são inaladas. Todo o resto é um aerossol quando inalado, de qualquer tamanho.”


O conselho da Organização Mundial da Saúde, afirma que os aerossóis são partículas líquidas de cinco mícrons ou menos de diâmetro. Na realidade, partículas maiores de umidade, também podem ficar suspensas por um tempo no ar, dependendo de condições como temperatura e umidade, diz Tang. Isso significa que pode ser difícil estabelecer que um vírus realmente não tem oportunidade de transmissão pelo ar.


O covid-19 está no ar?


Alguns cientistas duvidaram da rota do aerossol, porque a Covid-19, não parece tão transmissível quanto, por exemplo, o sarampo. Mas outros apontam para casos de transmissão da Covid-19, em que a disseminação pelo ar, parece ser a única explicação para as múltiplas infecções progressivas.


Espirrar e tossir, geralmente produzem partículas maiores de líquido. Mas as evidências mostram que grandes quantidades de SARS-CoV-2, também são expelidas em pequenos aerossóis, emitidos quando alguém está falando em um volume normal, ou apenas respirando. Um estudo publicado em agosto de 2020, descobriu que uma única pessoa nos estágios iniciais da Covid-19, poderia emitir milhões de partículas de SARS-CoV-2 por hora, apenas através da respiração.


Os cientistas ainda não têm certeza, de quanto tempo as partículas virais infecciosas e viáveis, ​​podem permanecer no ar. Tang diz que isso é difícil de determinar, porque os dispositivos usados para coletar amostras de ar, destroem o vírus, incluindo o SARS-CoV-2. A análise pode detectar o RNA do vírus, mas geralmente não encontra partículas virais infecciosas inteiras. Isso não significa, que partículas viáveis ​​não estavam presentes, pode simplesmente ser que a técnica de amostragem, não foi capaz de recuperá-las intactas.


Apesar dessas incógnitas, vários estudos de caso sugerem, que a transmissão aérea espalhou o SARS-CoV-2 a distâncias além de dois metros da pessoa infecciosa. Em um restaurante em Guangzhou, China, 10 pessoas jantaram em 24 de janeiro de 2020, pouco antes do teste positivo para Covid-19. Três famílias estavam sentadas em torno de três mesas separadas, mas próximas umas das outras. Uma das famílias havia viajado recentemente de Wuhan.


Não houve interação entre as famílias que estavam sentadas em mesas separadas, nem rotas óbvias de transmissão tocando superfícies contaminadas (fômites). Um estudo dos sistemas de ventilação do restaurante, imagens da câmera de segurança, e histórias de casos dos presentes, concluiu que as partículas infecciosas transportadas no ar eram provavelmente responsáveis ​​pela disseminação do vírus.


Outro estudo, examinando um surto em uma igreja australiana em julho de 2020, revelou que integrantes de um coral, testaram positivo para Covid-19, depois de desenvolverem sintomas. Os pesquisadores identificaram 12 casos secundários entre fiéis que estavam ligados ao coral, por meio do sequenciamento genômico do SARS-CoV-2, responsável pela infecção. Alguns desses casos secundários estavam sentados a 15 m de distância do corista, que usava um microfone, e não ficava de frente para os infectados. O prédio era minimamente ventilado na época, e nenhuma das pessoas infectadas usava máscara. “Acreditamos que a transmissão durante este surto é mais bem explicada pela disseminação aérea”, escreveram os autores do estudo.


Uma equipe de pesquisadores argumentou recentemente no Lancet, que os aerossóis provavelmente seriam a rota dominante de transmissão do SARS-CoV-2. Eles basearam isso em 10 evidências, incluindo o fato de que a transmissão é muito mais alta, em ambientes internos do que externos; e acredita-se que a transmissão assintomática ou pré-sintomática, tenha causado um número significativo de infecções em todo o mundo. Quando alguém não está tossindo, pode produzir menos gotas, mas ainda emitem muitos aerossóis.


O que a OMS diz sobre a transmissão aérea da Covid-19?


O protocolo da OMS para melhorar e garantir uma boa ventilação interna, no contexto da Covid-19, publicado em 1º de março de 2021, afirma: “O vírus pode se espalhar pela boca ou nariz de uma pessoa infectada em pequenas partículas líquidas quando a pessoa tosse, espirra, canta, respira pesadamente ou fala. Essas partículas líquidas são de tamanhos diferentes, variando de "gotículas respiratórias" maiores a "aerossóis" menores. E complementa: “A transmissão de aerossóis pode ocorrer em situações específicas em que são realizados procedimentos que geram aerossóis.”


Desde março de 2020, a OMS mudou gradativamente sua postura. No momento da redação, seu conselho oficial diz: “A transmissão aérea do SARS-CoV-2 pode ocorrer durante procedimentos médicos que geram aerossóis.” Nick Wilson, um anestesista da Royal Infirmary em Edimburgo, questiona a ênfase nos procedimentos médicos. “Os procedimentos não geram muitos aerossóis, as pessoas geram, a fisiologia sim”, diz ele. Ele também aponta para um relatório da OMS de 2014 que observou que, para quaisquer novas infecções respiratórias agudas, que tenham um alto risco para a saúde pública, “aerossol e precauções de contato, bem como proteção para os olhos, devem ser adicionadas às precauções padrão de rotina, sempre que possível, para reduzir o risco de transmissão. ” As precauções incluem ventilação e espaçamento dos pacientes.


De acordo com a OMS, em resposta às perguntas do BMJ, “Fora das instalações médicas, a transmissão por aerossol e pelo ar, pode ocorrer em circunstâncias e ambientes específicos, especialmente em ambientes fechados, lotados e com ventilação inadequada, como restaurantes, aulas de ginástica, boates, escritórios e locais de adoração, onde as pessoas infectadas passam longos períodos de tempo com outras. ”


A agência acrescentou que o termo “transportado pelo ar”, tem um significado médico específico, que se aplica a doenças como o sarampo, que se transmite predominantemente pelo ar e por longas distâncias. “Para a Covid-19”, acrescentou a OMS, “o vírus se espalha predominantemente por meio de contato próximo ou direto ou superfícies possivelmente contaminadas. É por isso que não é chamado de vírus transportado pelo ar.” Em outras palavras, a agência atualmente é de opinião que a transmissão viral por aerossóis, embora possível para a Covid-19, não é a principal via de disseminação do SARS-CoV-2.


O que os governos nacionais dizem sobre a transmissão aérea da Covid-19?


No momento da redação, o conselho do Reino Unido afirma, que a Covid-19 se espalha "através do ar por meio de gotículas e aerossóis menores", e observa que as partículas infecciosas, podem "permanecer suspensas no ar por algum tempo em ambientes fechados, especialmente se não houver ventilação". A principal mensagem de segurança pública do governo, de "mãos, rosto, espaço", para lembrar as pessoas de lavarem as mãos, usar máscaras faciais, e se manterem distantes umas das outras, foi recentemente atualizada para incluir "ar fresco", para incentivar as pessoas que se encontram, para ficarem ao ar livre.


Nos EUA, os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), atualizaram seus conselhos em 5 de outubro de 2020, reconhecendo “a existência de alguns relatórios publicados, mostrando circunstâncias limitadas e incomuns, em que as pessoas com Covid-19 infectaram outras que estavam a mais de 2 metros de distância, ou logo depois que a pessoa Covid-19-positiva deixou uma área. Nesses casos, a transmissão ocorreu em espaços fechados e mal ventilados, que muitas vezes envolviam atividades que causavam respiração mais pesada, como canto ou exercícios. Tais ambientes e atividades podem contribuir para o acúmulo de partículas portadoras de vírus.”


Outros países, como a Austrália, não fazem menção à transmissão aérea ou aerossol em suas orientações oficiais, sobre como aCovid-19 se espalha.


Como podemos prevenir a transmissão aérea?


Os conselhos dos governos incluem ventilação, como abrir janelas, e evitar espaços fechados. O Japão coloca ênfase em evitar os “3Cs”: compartimentos lotados, contato próximo, conversas próximas, e isso é ecoado nas comunicações da OMS que enfatizam a localização, a proximidade e o tempo. Existem algumas evidências para isso em estudos de modelagem. Em um deles, os pesquisadores estimaram que o risco de infecção poderia ser três vezes maior em uma sala mal ventilada do que em uma que passasse por 10 renovações de ar por hora.


A instalação de unidades de filtragem de ar, como filtros de partículas de alta eficiência, ou sistemas de ventilação especializados, também podem ajudar. Essa pode ser uma das razões pelas quais alguns governos relutam em declarar oficialmente o SARS-CoV-2 como “aerotransportado”, diz Catherine Noakes, professora de engenharia ambiental para edifícios da Universidade de Leeds. “Se você acha que algo transmite em superfícies, é fácil tomar uma atitude de precaução, e dizer a todos para lavar as mãos. Mas se dissermos que está no ar, isso significa alguns grandes investimentos de capital em edifícios e tecnologias”, diz ela. A instalação de sistemas que consomem muita energia, também tem desvantagens ambientais.


As máscaras evitam a transmissão aérea?


Alguns alegaram que a transmissão aérea significaria que as máscaras seriam ineficazes, já que os aerossóis que transportam o vírus, podem passar por orifícios microscópicos no tecido de uma máscara. Mas Noakes diz, que o aumento da umidade dentro de uma máscara facial, pode ajudar a reter essas partículas, caso sejam emitidas pelo usuário.


Ela acrescenta que as máscaras de tecido, ao contrário das máscaras de filtragem como o N95, podem oferecer proteção limitada contra a respiração de aerossóis, se já estiverem suspensos no ar. Tang observa que máscaras de ajuste mais apertado, ou o uso de duas máscaras, podem reduzir a emissão de aerossóis de uma fonte, e a inalação por um usuário receptor. Ainda assim, Wilson diz que as máscaras de encaixe mais soltas, bloqueiam ou desviam a maior parte do ar expirado, o que reduz sua velocidade.


Como a transmissão aerotransportada se compara no ambiente externo e no ambiente fechado?


Há um risco de transmissão da Covid-19 em ambientes externos, mas ainda é baixo em comparação com ambientes internos. No verão de 2020, encontros amplamente divulgados nas praias britânicas, foram condenados por alguns que presumiram que esses eventos levariam a um aumento na transmissão da Covid-19. Em fevereiro deste ano, no entanto, Mark Woolhouse, professor de epidemiologia de doenças infecciosas da Universidade de Edimburgo, que aconselhou o governo durante a pandemia, disse aos parlamentares: “Não houve surtos ligados a praias públicas. Nunca houve um surto de Covid-19 ligado a uma praia, nunca, em qualquer lugar do mundo, até onde eu sei.” A República da Irlanda divulgou recentemente dados, sugerindo que apenas 0,1% dos casos de Covid-19 foram associados à atividade ao ar livre.


Babak Javid, professor associado de medicina da Universidade da Califórnia, em San Francisco, argumenta que é hora de oferecer uma mensagem com mais nuances ao público. Várias intervenções oferecem proteção, diz ele, mas também é importante reconhecer que os riscos de ambientes específicos podem ser diferentes. “Se você usa máscaras, provavelmente pode tolerar uma distância menor entre as pessoas”, diz ele, “Se você estiver ao ar livre, pode ficar mais perto das pessoas. Se você estiver dentro de casa, a distância por si só não será uma proteção, necessariamente.”


Por favor, assinem o abaixo assinado, que é uma justa solicitação de vacinação aos pesquisadores que estão trabalhando com a pesquisa da COVID-19


Pesquisadores que trabalham na linha de frente da investigação da Covid-19, muito deles lidando com amostras de pacientes contaminados pelo vírus Sars-CoV-2 e cobaias infectadas, não foram incluídos nos grupos prioritários para a vacinação.


Há um movimento em curso, pedindo às autoridades de saúde, que incluam esses grupos nos planos de imunização. Muitos desses cientistas atuam no desenvolvimento de vacinas, medicamentos e testes diagnósticos, além linhas de pesquisa para entender a dinâmica da doença e suas sequelas.


Os pesquisadores que conseguiram ser vacinados até agora, o foram por meio de acordos locais, entre as universidades e os municípios.


Mas, na falta de uma política clara que os coloque como prioritários, a maioria segue sem imunização. Um abaixo-assinado reúne assinaturas de quase mil pesquisadores pelo país que enfrentam essa situação.


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As vacinas COVID de próxima geração terão alvos diferentes dos atuais


Comentário publicado na British Medical Journal em 16/04/2021, em que pesquisadores britânicos comentam que os desenvolvedores de vacinas estão monitorando a durabilidade da resposta imune das vacinas atuais da COVID-19, enquanto competem contra novas variantes, para fornecer mais opções de proteção, não importa o que aconteça a seguir na pandemia.


A pesquisa de vacinas, que costumava ficar em segundo plano, progredindo lentamente, foi acelerada no ano passado, empurrando o campo da vacinologia para o futuro, diz Deborah Fuller, PhD, professora de microbiologia e desenvolvedora de vacinas na Universidade de Escola de Medicina de Washington em Seattle. O surgimento de dezenas de vacinas candidatas em menos de um ano, foi nada menos que extraordinário, e "teremos uma caixa de ferramentas incrível para usar no combate a doenças infecciosas por muito tempo", diz ela.


Injeções de reforço são parte do plano de proteção contra a COVID-19, mas também são abordagens totalmente novas para as vacinas, incluindo rotas de administração, que eliminam a necessidade de injeções, e armazenamento mais fácil, para ajudar a diminuir a escassez de suprimentos de vacina.


Os problemas da cadeia de suprimentos, são os primeiros grandes obstáculos que equipes como a Fuller, estão enfrentando. Qualquer coisa que possa quebrar as vacinas da chamada cadeia de frio, ou seja, que tem a necessidade de ultracongelamento ou refrigeração, é uma prioridade, explica ela. A capacidade de armazenar vacinas em temperatura ambiente, aumentaria a acessibilidade em partes do mundo, onde o armazenamento refrigerado é difícil de encontrar.


As vacinas de RNA mensageiro, como as da Pfizer e Moderna, atualmente em uso nos Estados Unidos, são as mais sensíveis à temperatura. “Você pode simplesmente olhar para um mapa global para onde eles são distribuídos, e ver quais países podem acomodar a cadeia de frio”, diz Fuller. As empresas que produzem as vacinas de mRNA, estão trabalhando em diferentes formulações para tornar as moléculas estáveis em temperatura ambiente, explica ela.


As vacinas que dependem de vetores virais, como as produzidas pela Johnson & Johnson e AstraZeneca, "são armazenadas em temperaturas muito mais agradáveis", diz Anna Blakney, PhD, desenvolvedora de vacinas e professora assistente na Escola de Biomédica Engenharia, University of British Columbia, em Vancouver, Canadá. As melhorias nos requisitos de armazenamento em toda a linha "chegarão antes de nós sabermos".


As pessoas que receberam qualquer uma das vacinas de mRNA de duas doses, podem já estar familiarizadas com os efeitos adversos comuns de fadiga, dor no braço, febre, dores e calafrios, que estão diretamente relacionados ao mRNA da vacina, explica Blakney. "Ser capaz de otimizar a dose reduzirá os efeitos colaterais, e provavelmente terá a mesma eficácia."


Reduzindo efeitos adversos


As vacinas de mRNA autoamplificantes, atualmente em desenvolvimento, contêm muitos antígenos para estimular uma forte resposta imunológica, mas têm menos células infectadas. Com menos mRNA, mas com uma proteína de replicação adicionada, a molécula pode fazer mais cópias de si mesma, uma vez que está dentro da célula, com menos efeitos adversos, diz Blakney. E com uma forte resposta imunológica, um reforço pode nem ser necessário, acrescenta Fuller.


À medida que a vacinação se torna mais comum, e a ameaça de morte relacionada à COVID-19 diminui, uma das próximas prioridades será minimizar os efeitos adversos. Com um vírus endêmico circulando em níveis baixos, "você provavelmente não está disposto a perder um ou dois dias de trabalho para sofrer efeitos colaterais", disse Gregory Poland, MD, diretor do Mayo Vaccine Research Group em Rochester, Minnesota.


E as pessoas podem evitar totalmente a agulha, se alguns candidatos da próxima geração decolarem. Pelo menos sete vacinas não injetáveis estão em desenvolvimento, incluindo uma versão do ChAdOx1 nCoV-19 da AstraZeneca (AZD1222). Vacinas que podem ser aplicadas diretamente no nariz, por exemplo, podem conferir proteção à mucosa, de acordo com Fuller. As vacinas nasais não precisam ser administradas por um médico treinado, e têm a vantagem adicional de induzir anticorpos no sistema respiratório, para interromper o vírus antes que ele se estabeleça nas células, explica ela.

Sem agulhas


Outros grupos estão desenvolvendo vacinas do tipo "agite e engula", e outros à base de pílulas, segundo Poland. "A beleza disso diz respeito à opção autoadministrada", diz Fuller. Imagine se as pessoas pudessem pegar vacinas autoadministradas em farmácias no início da pandemia. "Nós já teríamos desligado essa coisa agora."


Mas apesar do ritmo acelerado de desenvolvimento da vacina COVID-19, as lutas contínuas nos programas de pesquisa de vacinas permanecem, e provavelmente criarão obstáculos na pesquisa de vacinas contra o coronavírus.


Uma vacina de pan-vírus, uma "bala de prata" no desenvolvimento de vacinas, tem sido evasiva para muitas doenças infecciosas, incluindo gripe e HIV. Alguns vacinologistas estão tentando desenvolver uma vacina de meta-pan-vírus, que cubra tanto a gripe quanto os coronavírus, o que permitiria uma única imunização para proteger contra os dois vírus, diz Poland, que está trabalhando em vacinas para COVID-19.


Vacinas universais


As altas taxas de morbidade, mortalidae e de sintomas de longa duração relacionados à COVID-19, impulsionaram a busca por uma vacina de pan-coronavírus em alta velocidade. No início da pandemia, "a casa estava pegando fogo", então os desenvolvedores se concentraram na maneira mais conveniente de distribuir as vacinas, diz Poland. Um foco em sequências de espícula de cepas já circulantes de COVID-19, foi a abordagem mais rápida e eficiente.


Agora, os pesquisadores têm tempo para examinar as candidatas ao pan-coronavírus, e contarão com essas vacinas de alvo estreito, que podem ser atualizadas para incorporar variantes emergentes. A parte complicada sobre as vacinas de pan-coronavírus, explica Fuller, é que elas "não são algo que veremos no próximo ano, mas provavelmente daqui a 5 anos".


Ainda mais difícil, acrescenta ela, é a identificação de uma parte do vírus que não sofrerá grandes mutações, mas ainda assim, desencadeará uma resposta imunológica. As partes que são realmente vulneráveis ​​são pouco imunogênicas, e o sistema imunológico não consegue “vê-las”, portanto, contornar esse problema “não é trivial”.


Mas o ritmo de desenvolvimento da vacina se acelerou durante a pandemia, e uma primeira vacina pan-vírus viável está à vista. Uma versão baseada em peptídeos de uma vacina, que tem como alvo vários antígenos de coronavírus, está sendo desenvolvida pela equipe de Poland. E os pesquisadores já estão testando um candidato multivalente de duas doses, no Instituto de Pesquisa do Exército Walter Reed. Sua plataforma permitirá a adição de antígenos de outros coronavírus, para proteger ampla e proativamente, contra várias espécies e cepas de coronavírus.


Remédio comum para asma pode diminuir dias da doença COVID-19


Um ensaio clínico em mais de 4.600 pessoas em risco maior de ter a COVID-19 grave, descobriu que um medicamento inalável para asma, parece encurtar a duração dos sintomas da doença em cerca de 3 dias.


O medicamento para asma, a Budesonida, um esteroide inalável, é barato e amplamente disponível. Christopher Butler e Richard Hobbs da Universidade de Oxford, Reino Unido, testaram a Budesonida em pessoas que tinham sintomas de COVID-19, mas não foram hospitalizadas.


Os participantes tinham mais de 65 anos, ou tinham mais de 50 anos com condições que aumentavam o risco de complicações para a COVID-19. Os participantes foram designados aleatoriamente para receber o medicamento, ou servir em um grupo de controle, mas nenhum tomou um placebo. Tanto os participantes quanto os pesquisadores, sabiam quem havia recebido a droga.


Aqueles que inalaram a Budesonida duas vezes ao dia por duas semanas, relataram que os sintomas do COVID-19 terminaram três dias antes, do que aqueles que não usaram o esteroide inalado. Os resultados ainda são experimentais e não foram revisados ​​por pares.

P.S- Esse é apenas mais um medicamento em ensaio clínico. Pode ser promissor, mas ainda em pesquisa.


O risco de desenvolver coágulos sanguíneos cerebrais pela Covid-19 é 10 vezes maior do que devido à vacinação, concluiu o estudo


Comentário publicado na British Medical Journal em 16/04/2021, em que pesquisadores britânicos comentam que a Covid-19 está associado a um risco muito maior de trombose venosa cerebral do que as vacinas que a protegem, mostraram as primeiras pesquisas da Universidade de Oxford.


Os resultados, disponíveis como uma pré-impressão não revisada por pares, mostram que o risco de trombose venosa cerebral, "é muitas vezes maior por infecção por Covid-19 do que após receber uma vacina", Maxime Taquet, pesquisador clínico acadêmico em psiquiatria na Universidade de Oxford, e um autor do estudo, disse em Londres em 15 de abril. “Esse é o caso, se você olhar para os dados da vacina Pfizer e Moderna a que tivemos acesso direto, e isso também é o caso se você olhar para os dados da vacina Oxford-AstraZeneca, que estão na European Medicines Agency."


Usando dados de um grande prontuário eletrônico dos EUA, os pesquisadores compararam a incidência de trombose venosa cerebral, em pacientes duas semanas após um diagnóstico de Covid-19, com a de pacientes duas semanas após a vacinação de Covid-19. Nos 513.284 pacientes com diagnóstico de Covid-19, a incidência de trombose venosa cerebral foi de 39,0 por milhão de pessoas, e nos 489.871 pacientes que receberam a vacinação Covid-19 a incidência foi de 4,1 por milhão. Os pacientes vacinados receberam uma vacina de mRNA, seja da Pfizer-BioNTech ou da Moderna.


Nenhum dos pacientes recebeu a vacina AstraZeneca-University of Oxford, que tem sido associada a casos raros de coágulos sanguíneos cerebrais, fazendo com que alguns governos e reguladores restrinjam seu uso, porque essa vacina ainda não foi autorizada para uso nos Estados Unidos. A Agência Europeia de Medicamentos estimou que o risco de trombose venosa cerebral após a vacina AstraZeneca é de 5,0 por milhão de pessoas.


A trombocitopenia associada a uma resposta imune, foi implicada em casos de trombose venosa cerebral, após a vacina AstraZeneca. Especificamente, um anticorpo contra o fator plaquetário, que provoca a coagulação do sangue e consome as plaquetas, foi identificado em pacientes que apresentaram coágulos.


O mecanismo envolvido na trombose venosa cerebral após a doença Covid-19, pode ser diferente, mas a mortalidade após a trombose venosa cerebral em pessoas que tiveram Covid-19 foi de cerca de 20% no estudo, semelhante à taxa de mortalidade por trombose venosa cerebral, associada à trombocitopenia relatado pela EMA em pacientes que receberam a vacina AstraZeneca, disse Taquet. Cerca de 30% dos eventos de trombose venosa cerebral em pacientes Covid-19 ocorreram em pacientes com menos de 30 anos, acrescentou.


Os pacientes do estudo não foram pareados por idade ou sexo. Isso pode afetar os riscos absolutos e, portanto, o equilíbrio dos benefícios e danos entre a doença e a vacina, em diferentes grupos de pacientes. Taquet disse que os dados não indicam uma associação óbvia com idade e sexo nos eventos de trombose venosa cerebral.


No entanto, o Comitê Conjunto de Vacinação e Imunização do Reino Unido, recomendou recentemente que as pessoas com menos de 30 anos, deveriam receber uma alternativa à vacina AstraZeneca. Essa decisão foi baseada na comparação entre as internações em terapia intensiva evitadas pela vacina, e o risco de coágulos sanguíneos relacionados à vacina. Em todas as idades e grupos de risco, os benefícios potenciais da vacinação superaram em muito os danos potenciais, exceto nas pessoas de baixo risco que tinham menos de 30 anos.


Esta semana, os reguladores dos EUA, interromperam o lançamento da vacina Covid-19 da Janssen (Johnson & Johnson), que, como a vacina AstraZeneca, usa uma plataforma de vetor viral, após relatos de um pequeno número de casos de coágulo sanguíneo em pessoas que receberam esta vacina.


A maioria dos medicamentos com anticorpos monoclonais é ineficaz contra a variante do Brasil


A variante do coronavírus identificada pela primeira vez no Brasil, conhecida como P.1, é resistente a três das quatro terapias de anticorpos monoclonais, que tem autorização de uso emergencial nos Estados Unidos, de acordo com um estudo de laboratório.


Os pesquisadores expuseram a variante P.1 a vários anticorpos monoclonais, incluindo os quatro atualmente sendo usados ​​para tratar pacientes com COVID-19 dos EUA, imdevimabe e casirivimabe da Regneron Pharmaceuticals, e bamlanivimabe e etesevimabe da Eli Lilly and Co.


Apenas o imdevimab reteve qualquer potência, descobriram os pesquisadores. A capacidade de neutralização dos outros três foi "acentuada ou completamente abolida", de acordo com um relatório revisado por pares disponível no bioRxiv, e provisoriamente aceito pela revista Cell Host & Microbe.


Os pesquisadores também expuseram a P.1 ao plasma de sobreviventes da COVID-19, à recipientes de vacinas da Pfizer/BioNTech ou Moderna. Em comparação com seus efeitos contra a versão original do coronavírus, o plasma e os anticorpos induzidos pela vacina, foram menos eficazes na neutralização de P.1. Em estudos anteriores, no entanto, eles foram ainda menos eficazes contra a variante B.1.351, identificada pela primeira vez na África do Sul. Isso sugere que a variante do Brasil, pode não representar uma ameaça tão grande de reinfecção ou diminuição da proteção da vacina, quanto a variante da África do Sul, disse o co-autor David Ho, da Universidade de Columbia.


Evidências do mundo real são necessárias para confirmar os resultados do laboratório, disse ele.


P.S- o Tocilizumab, um outro anticorpo monoclonal, que está sendo usado no Brasil, não foi testado no presente estudo.


Preparando-se para a próxima pandemia


Comentário publicado na Nature Medicine em 15/04/2021, em que pesquisadores de diversos países comentam que a pandemia da COVID-19 abriu uma janela de oportunidades, para repensar a maneira como os países se preparam para crises de saúde pública. Esta janela não pode ser desperdiçada.


Um ano se passou desde que a Organização Mundial da Saúde, declarou a pandemia de COVID-19, uma pandemia global em 11 de março de 2020. Quase 100 milhões de pessoas ficaram doentes em todo o mundo, mais de 2 milhões morreram, e muitos sobreviventes estão experimentando sintomas de Longa Covid. Apesar dos avanços na vacinação e no manejo clínico de pacientes com COVID-19, o fim da pior crise de saúde pública em um século, ainda não está próximo. Este artigo da Nature Medicine é dedicado a compreensão do impacto de longo prazo da pandemia COVID-19, e ao começo da exploração das lições que podem ser aprendidas com os erros cometidos no tratamento da atual crise de saúde, a fim de nos prepararmos para crises futuras.


Durante a preparação desta edição especial da Nature Medicine, contatou-se que muitos especialistas que estiveram envolvidos na resposta à pandemia de COVID-19, incluindo pesquisadores que contribuíram com pesquisas básicas, permitiram o entendimento da biologia da SARS-CoV-2; a resposta imune do hospedeiro ao vírus, como a COVID-19 se manifesta clinicamente, para que se pudesse testar a eficácia das abordagens terapêuticas e para o desenvolvimento de vacinas. Também foram ouvidos epidemiologistas, especialistas em saúde pública, formuladores de políticas, e pesquisadores, cujo trabalho se concentra na resiliência dos sistemas de saúde, governança e implementação de políticas de saúde. Destas conversas, capturadas em peças publicadas nesta edição, e outras que aparecerão ao longo do ano nas páginas da Nature, alguns temas comuns emergiram.


Por um lado, há uma sensação de realização científica, e de que a comunidade acadêmica de pesquisa global, enfrentou coletivamente o desafio imposto pela pandemia. Em nenhum outro momento na história da ciência, tantas informações foram geradas, compartilhadas e distribuídas tão rapidamente, para enfrentar uma ameaça à humanidade.


Por outro lado, está a constatação de que, nenhuma quantidade de pesquisa e desenvolvimento científico, pode compensar uma liderança ineficaz e uma falta de coordenação dentro dos governos e da cooperação internacional entre os países. Mais do que qualquer outra coisa, a crise do COVID-19 foi uma falha de governança.


Há uma sensação clara de que a preparação para a próxima pandemia, exigirá um mergulho profundo nessas falhas, entendendo o que deu errado, e trabalhando para melhorar a arquitetura da governança de segurança e saúde, um ponto levantado por um dos pesquisadores.


Superar a complacência institucional, também é fundamental para o desenvolvimento de uma estratégia de preparação para uma pandemia de longo prazo, que seja impulsionada por evidências científicas e educação da população, e que se esforce pela segurança da saúde, conforme argumentado pela ex-Diretora Geral da Organização Mundial da Saúde, Margaret Chan. É uma lição trágica da pandemia COVID-19, que seu número de mortes seja amplificado por uma miríade de condições de saúde comuns subjacentes, que são cada vez mais prevalentes na população em geral, como diabetes, obesidade e hipertensão. Aumentar a resiliência dos sistemas de saúde por meio de políticas universais de saúde, pode melhorar a saúde geral das populações, e pode reduzir a carga de fatalidades em surtos futuros.


Alcançar a saúde universal tem seus desafios, mas é possível, e pesquisadores como Ole Norheim e colegas, traçam um mapa de como pacotes de serviços essenciais de saúde, podem ser desenvolvidos em ambientes com recursos limitados, baseando-se em suas experiências no desenvolvimento de tais pacotes na Etiópia. Outro pesquisador, Paul Spiegel, descreve ainda os desafios de responder a uma pandemia em contextos humanitários, e Devi Sridhar e colegas, resumem o estado atual da governança global da saúde, neste primeiro ano da pandemia, de olho nas lições para o futuro. Madhukar Pai e colegas, abordam um tópico frequentemente esquecido que provou ser um grande gargalo na resposta da saúde pública durante a pandemia atual: o problema da capacidade limitada de testes diagnósticos, e a necessidade de construir uma estrutura melhor para os testes, como parte de estratégias de preparação de uma nova pandemia.


A falha de governança, também se manifestou por meio de uma proliferação de desinformação, e desconfiança na ciência e nos profissionais de saúde, e uma subsequente falta de conformidade com as medidas de saúde pública, que podem salvar vidas e reduzir uma pandemia. Elizabeth Higgs e colegas, apresentam uma visão geral das boas práticas, que aumentam o envolvimento do público na pesquisa e na medicina, durante uma crise de saúde pública em curso. Imran Ahmed discute os desafios de lidar com uma resistência crescente à vacinação, e a necessidade de entender o que está por trás da indústria da desinformação.


A importância de obter informações confiáveis ​​durante uma crise de saúde pública em curso, e como esses dados podem ser usados, ​​para alimentar e construir modelos para auxiliar na compreensão das principais características patogênicas, epidemiológicas, clínicas e sócio-comportamentais de um surto em curso, são abordadas por Joseph Wu e colegas. Falando em prever ameaças futuras, Mike May conversou com vários especialistas em doenças infecciosas, sobre quais poderiam ser as maiores ameaças microbianas de amanhã. E Ralph Baric e Rita Meganck, apresentam uma visão geral do desenvolvimento de medicamentos para novos agentes infecciosos, e a necessidade de uma nova visão, financiamento dedicado e modelos de parceria privada, federal e acadêmica.


Finalmente, pensando em como a pandemia afetou nossa comunidade de pesquisadores, médicos e profissionais de saúde, recomenda-se que os leitores que compartilhem suas experiências durante o ano passado ao lidar com as incertezas impostas pela pandemia.


O mundo ainda está praticamente no meio de uma crise, e pode-se argumentar que é muito cedo, para começar a falar em preparação para futuras pandemias. A Nature Medicine discorda e pensa que agora é o momento certo para falar sobre o futuro, e sobre as mudanças que precisam acontecer, para melhorar a capacidade global de responder a crises de saúde dessa magnitude. A experiência do passado recente, mostrou repetidamente que os recursos, o financiamento e o capital político, tendem a diminuir à medida que ocorre um surto. O verdadeiro impacto da COVID-19, no entanto, tanto em termos de saúde quanto em termos econômicos, provavelmente durará mais que a duração da fase aguda da pandemia, abrindo uma janela de oportunidade para mudanças duradouras, enquanto o vírus ainda está na mente das pessoas. Essa janela de oportunidade não pode e não deve ser desperdiçada.


Covid-19: Fracasso na resposta à pandemia no Brasil levou à uma catástrofe humanitária, diz Médicos Sem Fronteiras


Comentário publicado na British Medical Journal em 16/04/2021, onde um pesquisador britânico comenta que a falta de ação do governo federal, colocou o Brasil em um estado de luto permanente, e levou ao quase colapso do sistema de saúde do país.


A instituição de caridade humanitária Médicos Sem Fronteiras (MSF), condenou as autoridades brasileiras, por não controlarem a disseminação da Covid-19, que causou milhares de mortes desnecessárias, quase fez o sistema de saúde entrar em colapso, e deixou a equipe de saúde exausta e traumatizada.


O MSF pediu ao governo que adote com urgência, medidas de saúde pública baseadas em evidências, para controlar a doença, e diretrizes de tratamento para os infectados. A recusa em agir apropriadamente, levou à "disseminação total da Covid-19 no ano passado e que enviou muitos para a morte prematura", disse Christos Christou, presidente internacional de MSF.


“O governo federal se recusou a adotar diretrizes abrangentes de saúde pública baseadas em evidências, deixando a equipe médica dedicada do Brasil, para gerenciar os mais doentes em unidades de terapia intensiva, e improvisar soluções quando não houver leitos disponíveis”, disse ele. “Isso colocou o Brasil em um estado de luto permanente, e levou ao quase colapso do sistema de saúde do Brasil.


“A resposta no Brasil precisa de uma reinicialização urgente, baseada na ciência e bem coordenada, para evitar mais mortes evitáveis, ​​e a destruição do outrora prestigioso sistema de saúde brasileiro. As medidas de saúde pública tornaram-se um campo de batalha política no Brasil. Como resultado, as políticas baseadas na ciência estão associadas a opiniões políticas, ao invés da necessidade de proteger os indivíduos e suas comunidades da Covid-19.”


Na semana passada, os brasileiros foram responsáveis ​​por 11% de todas as infecções Covid-19 do mundo, e 26,2% das mortes. Em 8 de abril, 4.249 mortes por Covid-19 foram registradas em 24 horas, juntamente com 86.652 novas infecções.


Meinie Nicolai, diretora geral de MSF, disse que a resposta no Brasil precisava começar na comunidade, não na unidade de terapia intensiva. “Não apenas suprimentos médicos como oxigênio, sedativos e equipamento de proteção individual devem chegar aonde são necessários, mas o uso de máscaras, distanciamento físico, medidas de higiene rígidas, e a restrição de movimentos e atividades não essenciais, devem ser promovidos e implantado na comunidade, de acordo com a situação epidemiológica local”, afirmou.


Na semana passada, as unidades de terapia intensiva estavam lotadas em 21 das 27 capitais brasileiras. O Brasil também carece de profissionais de saúde, mas profissionais de saúde com qualificações estrangeiras, não estão autorizados a trabalhar no país.


MSF disse que a incidência de casos de Covid-19 está sendo alimentada, pela enorme quantidade de desinformação que circula nas comunidades em todo o país. Máscaras, distanciamento físico e restrição de movimento e atividades não essenciais, são evitados e politizados, enquanto a hidroxicloroquina e a ivermectina, ainda estão sendo usadas como profilaxia e tratamento para Covid-19, apesar da falta de eficácia comprovada.


Pierre Van Heddegem, coordenador de emergência da resposta para a Covid-19 de MSF no Brasil, disse: “A devastação que as equipes de MSF testemunharam pela primeira vez na região do Amazonas, se tornou realidade em grande parte do Brasil. A falta de planejamento e coordenação, entre as autoridades sanitárias federais e suas contrapartes estaduais e municipais, tem consequências de vida ou morte.


“Não apenas os pacientes morrem sem acesso aos cuidados de saúde, mas a equipe médica está exausta e sofrendo de graves traumas psicológicos e emocionais, devido às suas condições de trabalho.”


A vacinação também tem sido lenta, com cerca de 11% da população tendo recebido pelo menos uma dose até agora. Com mais de 90 variantes do vírus circulando atualmente no Brasil, milhões de vidas dentro e no país vizinho estão em risco, disse o MSF.



Doença misteriosa, alívio misterioso: vacinas ajudam alguns portadores de Longa COVID


Comentário publicado na Medscape Pulmonary Medicineem 16/04/2021, onde pesquisadores americanos comentam sobre um curioso benefício que está surgindo para aqueles com essa síndrome pós-doença: seus sintomas estão diminuindo e, em alguns casos, estão totalmente resolvidos após a vacinação.


Estima-se que 10% a 30% das pessoas que tem a Covid-19, sofrem de sintomas persistentes da doença, o que é conhecido como "Longa Covid". Judy Dodd, que mora na cidade de Nova York, é uma delas. Ela passou quase um ano com dores de cabeça, falta de ar, cansaço extremo e problemas com o olfato, entre outros sintomas. Ela disse que temia que esse trabalho árduo pela vida fosse ser o seu novo normal.


Tudo mudou depois que ela recebeu a sua vacina Covid. "Eu era como uma nova pessoa. Foi a coisa mais louca de todas", disse Dodd, referindo-se a quantos de seus problemas de saúde diminuíram significativamente, após receber sua segunda injeção.


Enquanto os EUA pressionam para que as pessoas sejam vacinadas, um curioso benefício está surgindo para aqueles com essa síndrome pós-doença: seus sintomas estão diminuindo e, em alguns casos, estão totalmente resolvidos após a vacinação. É a última pista no quebra-cabeça imunológico da Longa Covid, uma condição ainda mal compreendida, que deixa alguns que são infectados com sintomas variados, meses após a doença inicial.


A noção de que uma vacina destinada a prevenir a doença também pode tratá-la, despertou otimismo entre os pacientes, e os cientistas que estudam a síndrome pós-doença, estão examinando essas histórias de perto. "Não esperava que a vacina fizesse as pessoas se sentirem melhor", disse Akiko Iwasaki, imunologista da Escola de Medicina de Yale, que faz pesquisas há muito tempo.


"Mais e mais, comecei a ouvir de pessoas com Longa Covid tendo seus sintomas reduzidos, ou se recuperando completamente, e foi quando comecei a ficar animado, porque isso pode ser uma cura potencial para algumas pessoas." Embora promissor, ainda é muito cedo para saber quantas pessoas com Longa Covid, se sentem melhor após serem vacinadas, e se isso representa uma diferença estatisticamente significativa.


Nesse ínterim, Iwasaki e outros pesquisadores, estão começando a incorporar essa questão em estudos em andamento de Longa Covid, monitorando seus sintomas antes e depois da vacinação, e coletando amostras de sangue para estudar sua resposta imunológica.


Existem várias teorias importantes para explicar por que as vacinas poderiam aliviar os sintomas de Longa Covid: É possível que as vacinas eliminem os vírus ou fragmentos restantes, interrompam uma resposta autoimune prejudicial, ou de alguma outra forma "reiniciem" o sistema imunológico.


"É tudo biologicamente plausível e, mais importante, deve ser fácil de testar", disse o Dr. Steven Deeks, da University of California-San Francisco, que também está estudando os impactos de Longa Covid nos pacientes.


Histórias de pacientes oferecem esperança


Antes de tomar a vacina, Dodd, que está na casa dos 50 anos, disse que se sentia como se tivesse 20 anos. Depois da Covid-19 ela tinha problemas para voltar ao trabalho, e mesmo as tarefas mais simples, a deixavam com uma dor de cabeça terrível e exaustão. "Eu subia as escadas do metrô e tinha que parar no topo, e tirar a máscara só para respirar", disse Dodd.


Depois que ela recebeu a primeira dose da vacina Pfizer em janeiro, muitos dos sintomas de Dodd se agravaram, tanto que ela quase não recebeu a segunda dose. Mas ela tomou, e alguns dias depois, ela percebeu que sua energia estava de volta, respirar estava mais fácil, e logo seus problemas com o olfato estavam se resolvendo. "Foi como se o céu estivesse se abrindo. O sol estava alto", disse ela. "É o mais próximo que eu senti antes de ter a Covid."


Na ausência de grandes estudos, os pesquisadores estão selecionando todas as informações que podem, de histórias de pacientes, pesquisas informais e experiências de médicos. Por exemplo, cerca de 40% dos 577 pacientes de Longa Covid, contatados pelo grupo Survivor Corps, disseram que se sentiram melhor depois de serem vacinados.


Entre os pacientes do Dr. Daniel Griffin, do Columbia University Medical Center, em Nova York, "névoa cerebral" e problemas gastrointestinais, são dois dos sintomas mais comuns que parecem resolver a pós-vacinação. Griffin, que está conduzindo um estudo de longo prazo sobre a Longa Covid, estimou inicialmente que cerca de 30% a 40% de seus pacientes se sentiam melhor. Agora, ele acredita que o número pode ser maior, à medida que mais pacientes recebem sua segunda dose, e veem mais melhorias.


"Estamos acompanhanado isso há muito tempo, tratando cada sintoma", disse ele. "Se for realmente verdade que pelo menos 40% das pessoas têm recuperação significativa com uma vacinação terapêutica, então, até o momento, esta é a intervenção mais eficaz que temos por muito tempo."


Um pequeno estudo no Reino Unido, ainda não revisado por pares, descobriu que cerca de 23% dos pacientes com Longa Covid, tiveram um "aumento na resolução dos sintomas" após a vacinação, em comparação com cerca de 15% daqueles que não foram vacinados.


Mas nem todos os médicos estão vendo o mesmo nível de melhora.


Médicos em clínicas pós-Covid na Universidade de Washington em Seattle, Oregon Health & Science University em Portland, National Jewish Health em Denver e University of Pittsburgh Medical Center disseram que, até agora, um pequeno número de pacientes, quando nenhum, relataram sentir-se melhor após a vacinação, mas não foi um fenômeno generalizado. "Eu ouvi histórias de pessoas que se sentiram pior, e você pode encontrar uma explicação científica para isso, indo em qualquer direção", disse Deeks da UCSF.


Por que os pacientes estão se sentindo melhor?


Existem várias teorias sobre porque as vacinas podem ajudar alguns pacientes, e cada uma delas contando com diferentes entendimentos fisiológicos de Longa Covid, que se manifesta de várias maneiras. "A história clara é que a Longa Covid não é apenas um problema", disse o Dr. Eric Topol, diretor do Scripps Research Translational Institute, que também está estudando a doença, e os possíveis efeitos terapêuticos da vacinação.


Algumas pessoas apresentam batimentos cardíacos rápidos em repouso, e não toleram exercícios. Outros sofrem principalmente de problemas cognitivos, ou alguma combinação de sintomas como exaustão, dificuldade para dormir, e problemas com o olfato e paladar, disse ele. Como resultado, é provável que diferentes terapias funcionem melhor para algumas versões de Longa Covid do que outras, disse Deeks.


Uma teoria é que as pessoas infectadas nunca eliminam totalmente o coronavírus, e um "reservatório" viral, ou fragmentos do vírus, persiste em partes do corpo, e causa inflamação e sintomas de longo prazo, disse Iwasaki, o imunologista de Yale. De acordo com essa explicação, a vacina pode induzir uma resposta imunológica, que dá ao corpo poder de fogo extra para combater a infecção residual.


"Essa seria a maneira mais direta de se livrar da doença, porque você está se livrando da fonte da inflamação", disse Iwasaki. Griffin, do Columbia Medical Center, disse que essa ideia de "persistência viral" é apoiada pelo que ele está vendo em seus pacientes, e ouvindo de outros pesquisadores e médicos. Ele disse que os pacientes parecem estar melhorando depois de receber qualquer uma das vacinas Covid, geralmente cerca de "duas semanas depois, quando parece que eles estão tendo o que seria uma resposta protetora eficaz".


Outra possível razão para que alguns pacientes melhorem, vem da compreensão de Longa Covid como uma doença autoimune, na qual as células imunológicas do corpo acabam danificando seus próprios tecidos. Uma vacina poderia, hipoteticamente, ativar o "sistema imunológico inato" e "atenuar os sintomas", mas apenas temporariamente, disse Iwasaki, que estudou o papel de proteínas prejudiciais, chamadas de autoanticorpos, na Covid-19.


Essa resposta imunológica autodestrutiva, ocorre em um subconjunto de pacientes com Covid-19, enquanto eles estão doentes, e os autoanticorpos produzidos podem circular meses depois. Mas ainda não está claro como isso pode contribuir para a Covid-19, disse John Wherry, diretor do Instituto de Imunologia da Universidade da Pensilvânia.


Outra teoria é que a infecção "desliga" o sistema imunológico de alguma outra forma, e causa inflamação crônica, talvez como a síndrome da fadiga crônica, disse Wherry. Nesse cenário, a vacinação pode de alguma forma "reiniciar" o sistema imunológico.



Redefinindo a transmissão aerotransportada para a Covid-19


Editorial publicado na British Medical Journal em 14/04/2021, onde pesquisadores de diversos países comentam que melhorar a ventilação interna e a qualidade do ar, nos ajudará a todos a ficarmos seguros.


Mais de um ano após o início da pandemia Covid-19, ainda estamos debatendo o papel e a importância da transmissão por aerossol para SARS-CoV-2, que recebe apenas uma menção superficial em algumas diretrizes de controle de infecção. A confusão emanou da terminologia tradicional introduzida durante o século passado. Isso criou divisões mal definidas, entre a transmissão por "gotículas", "aerossóis" e "núcleos de gotículas", levando a mal-entendidos sobre o comportamento físico dessas partículas. Essencialmente, se você pode inalar partículas, independentemente de seu tamanho ou nome, você está respirando aerossóis. Embora isso possa acontecer a longa distância, é mais provável quando perto de alguém, já que os aerossóis entre duas pessoas, são muito mais concentrados a curta distância, como estar perto de alguém que está fumando.

Pessoas infectadas com SARS-CoV-2, produzem muitas pequenas partículas respiratórias carregadas de vírus, quando expiram. Algumas delas serão inaladas quase imediatamente por aqueles dentro de uma distância típica de conversação de “curto alcance” (< 1 m), enquanto o restante se dispersa em distâncias mais longas, para ser inalado por outras pessoas mais distantes (> 2 m). Os tradicionalistas, irão se referir às partículas maiores de curto alcance como gotículas, e as partículas menores de longo alcance como núcleos de gotículas, mas são todos aerossóis porque podem ser inaladas diretamente do ar.


Por que isso Importa?


Para fins de controle de infecção atual, na maioria das vezes não. Usar máscaras, manter distância e reduzir a ocupação interna, impedem as rotas usuais de transmissão, seja pelo contato direto com superfícies ou gotículas, seja pela inalação de aerossóis. Uma diferença crucial, entretanto, é a necessidade de se dar uma maior ênfase na ventilação, porque as menores partículas suspensas, podem permanecer no ar por horas e se constituem em importantes rotas de transmissão.


Se aceitarmos a hipótese de que alguém em um ambiente interno, pode inalar vírus suficiente para causar infecção a mais de 2 m de distância da fonte original, mesmo depois que a fonte original foi embora, então a substituição do ar ou os mecanismos de purificação do ar, se tornam muito mais importantes. Isso significa que abrir janelas, ou instalar ou atualizar sistemas de aquecimento, ventilação e ar condicionado, conforme descrito em um documento recente da OMS, ajuda na sua prevenção. As pessoas têm muito mais probabilidade de se infectar, em uma sala com janelas que não podem ser abertas, ou sem sistema de ventilação.

Uma segunda implicação crucial da disseminação pelo ar, é que a qualidade da máscara é importante para a proteção eficaz contra aerossóis inalados. As máscaras geralmente impedem que grandes gotas caiam nas áreas cobertas do rosto, e a maioria é pelo menos parcialmente eficaz contra a inalação de aerossóis. No entanto, tanto a alta eficiência de filtragem quanto um bom ajuste, são necessários para aumentar a proteção contra aerossóis, porque minúsculas partículas transportadas pelo ar, podem encontrar seu caminho em torno de qualquer espaço entre a máscara e o rosto.

Se o vírus for transmitido apenas por meio de partículas maiores (gotículas), que caem no solo cerca de um metro após a expiração, o ajuste da máscara seria menos preocupante. Do jeito que está, os profissionais de saúde que usam máscaras cirúrgicas, foram infectados sem se envolver em procedimentos de geração de aerossol. Como a disseminação do SARS-CoV-2 no ar é totalmente reconhecida, nossa compreensão das atividades que geram aerossóis, exigirá uma definição mais detalhada. Cientistas de aerossol, demonstraram que até mesmo falar e respirar, são procedimentos geradores de aerossóis.

Agora está mais claro que o SARS-CoV-2 se transmite principalmente, entre pessoas em uma faixa próxima, por meio da inalação. Isso não significa que a transmissão através do contato com superfícies, ou que a rota aérea de longo alcance, não ocorra, mas essas rotas de transmissão são menos importantes durante as breves interações do dia-a-dia, ao longo da distância usual de conversação de 1 metro. Em situações de curta distância, as pessoas são muito mais propensas a serem expostas aos vírus inalando-os, do que fazendo-os voarem pelo ar em grandes gotas, e pousarem em seus olhos, narinas ou lábios. A transmissão do SARS-CoV-2 depois de tocar em superfícies é agora considerada relativamente mínima, 1 a cada 10 mil contatos.


A melhoria da qualidade do ar interno, por meio de melhor ventilação, trará outros benefícios, incluindo redução das licenças médicas para outros vírus respiratórios, e até mesmo reclamações relacionadas ao meio ambiente, como alergias e a “síndrome do edifício doente”. Menos absenteísmo, com seu efeito adverso na produtividade, pode economizar custos significativos para as empresas, que compensariam as despesas na atualização de seus sistemas de ventilação. Sistemas mais novos, incluindo tecnologias de limpeza e filtragem de ar, estão se tornando cada vez mais eficientes.



O estigma é real para pessoas que vivem com a Longa Covid


Comentário publicado na British Medical Journal em 25/03/2021, onde pesquisadores britânicos comentam que uma discriminação na Longa Covid, trará resultados prejudiciais de longa duração para os pacientes, para os serviços e para a sociedade como um todo.


Testemunhos de pessoas que vivem com a Longa Covid, ilustram uma profunda estigmatização. Muitos deles foram desacreditados, e sua saúde debilitada não foi reconhecida por meses. O estigma leva as pessoas para a clandestinidade e para longe dos serviços de saúde, contribui para o sofrimento psicológico e doenças mentais e, ao fazê-lo, compromete os resultados de saúde física a longo prazo. O não envolvimento com os serviços de saúde, torna as doenças ainda mais estigmatizadas, perpetuando um ciclo vicioso de mais doença e frustração. Ainda faltam pesquisas sobre a Longa Covid, mas os testemunhos emergentes apontam para duas facetas importantes: a discriminação institucional e o estigma internalizado.


A discriminação institucional é definida, como a falha coletiva de um sistema, em fornecer um serviço adequado e profissional, a um grupo de pessoas em razão de sua identidade ou condição de saúde. A discriminação institucional nem sempre é expressa por meio de ações deliberadas de indivíduos. Em vez disso, pode ocorrer devido a falhas sistêmicas que permitem, e às vezes perpetuam, a discriminação consciente e inconsciente. A discriminação inconsciente pode ocorrer por meio de “preconceito involuntário, ignorância e imprudência” entre os prestadores de serviços.


Existem múltiplas formas de discriminação institucional que se reforçam mutuamente, enfrentadas por pessoas que vivem com Longa Covid, e que frequentemente relatam que os serviços de saúde são difíceis de ter acesso, e não respondem às suas necessidades. A injustiça de testemunho é um tema generalizado, pelo qual as preocupações e os sintomas das pessoas que vivem com Longa Covid, são comumente descartados pelos prestadores de serviços. Isso, junto com as diretrizes médicas atuais, insuficientemente específicas sobre a Longa Covid, frequentemente resultou na falta de diagnóstico. Sem um diagnóstico, as pessoas lutam para se qualificar para uma licença médica adequada e por apoio financeiro. Tanto a demissão, quanto a pena de não sua doença reconhecida, são exacerbadas por estigmas que se somam, como racismo, sexismo e classismo.


A discriminação na Longa Covid há muito tempo já é exacerbada por injustiças estruturais, que existiam antes mesmo desta pandemia. As populações minoritárias constituem uma parcela desproporcionalmente grande dos trabalhadores-chave. Isso inclui assistência médica e social, fornecimento de alimentos e trabalhadores de serviços públicos, muitos dos quais têm contratos casuais, e não são elegíveis para apoio para isolamento ou licença médica remunerada. Como a Covid-19, a Longa Covid provavelmente afetará desproporcionalmente os trabalhadores-chave, mas ainda não é reconhecida como uma doença ocupacional. Isso fez com que muitos trabalhadores-chave, incluindo médicos e enfermeiras, perdessem empregos devido a sintomas persistentes na Longa Covid, sem ter direito ao Benefício por Acidentes de Trabalho por Invalidez. Muitos trabalhadores-chave, compreensivelmente, sentem frustração por terem se colocado em situação de risco para servir durante a pandemia, sem ter o apoio financeiro adequado para ajudá-los a conviver com as consequências de longo prazo de sua doença.


As experiências discriminatórias também podem levar ao estigma internalizado, que ocorre quando as pessoas com um problema de saúde, internalizam as percepções públicas prejudiciais, e as aceitam como aplicáveis ​​a si mesmas. O estigma internalizado é caracterizado por sentimento de culpa, vergonha, inutilidade e, em alguns casos, pode levar ao suicídio. Um estudo com médicos com Longa Covid, destacou que a incapacidade de trabalhar e a perda do emprego, levaram a profundas perdas de identidade pessoal e profissional. Isso foi acompanhado por um forte sentimento de culpa, por deixar colegas com cargas de trabalho aumentadas, e um sentimento de fracasso pessoal, por não contribuir para a “luta contra a Covid-19”.


Pessoas com uma condição estigmatizada, também podem internalizar essa cicatriz, sem sofrer discriminação direta. Por exemplo, as pessoas podem desenvolver percepções sobre uma doença, antes do desenvolvimento de seus próprios sintomas. Nesses casos, a antecipação do estigma pode torná-los relutantes em se envolver com os serviços de saúde, e buscar um diagnóstico. Esta é uma das razões pelas quais continuamos a encontrar barreiras para o teste de HIV, quatro décadas após a pandemia da SIDA.


Tanto a discriminação quanto o estigma internalizado, têm inúmeros efeitos tóxicos e de longo prazo. Conforme evidenciado em estudos com outras condições de saúde, o estigma compromete a qualidade de vida das pessoas; afasta as pessoas dos serviços sociais e de saúde, por medo de serem rotuladas ou julgadas; priva as pessoas de recursos econômicos e sociais; e alimenta doenças físicas e mentais. A discriminação institucional e o estigma internalizado, são fenômenos complexos, que persistem nas doenças transmissíveis e não transmissíveis, para reforçar as próprias injustiças que contribuem para a doença.


Mas podemos aprender com décadas de pesquisa sobre o estigma da doença, e começar a agir precocemente, por meio de três etapas acionáveis:


1- Escutar verdadeiramente com uma mente aberta, aqueles com experiências vividas na Covid-19, porque o estigma não é facilmente visível ou corrigível do ponto de vista externo, particularmente quando a condição médica não é clara, e certamente ainda é mal compreendida, como encefalomielite miálgica e/ou síndrome de fadiga crônica, decorrentes da Longa Covid. Testemunhos de pacientes são, portanto, essenciais para tentar entender suas experiências de sequelas, e começar a projetar soluções. Um primeiro passo para isso é acreditar nos pacientes sobre seus sintomas e reconhecer as injustiças que enfrentam.


2- Fornecer espaços e recursos para pesquisas científica, e tentar soluções conduzidas por pacientes. Precisamos atender às demandas concretas de pacientes, que convivem já há algum tempo, com desejo de ter serviços adequados e oportunos. A ação coletiva, sob a liderança de um grupo especializado no assunto, pode ser uma forma poderosa de combater o ostracismo e a perda de autoestima, que a discriminação cria e floresce.


3- Fazer abordagens estruturais, são essenciais para combater o estigma da Longa Covid. Fazer diagnóstico não discriminatório é fundamental, oferecendo proteção social para aquelas pessoas que não conseguem voltar ao trabalho. Como grande parte do estigma relacionado à Longa Covid, se manifesta no sistema de saúde, as respostas do sistema de saúde à essa condição, são necessárias para melhorar as experiências dos pacientes e combater a inconsciente discriminação institucional. Essas intervenções devem incluir treinamento de sensibilização para provedores de saúde, bem como relatórios de discriminação há muito encobertos, bem como os respectivos mecanismos de responsabilização.


O estigma, há muito velado, terá resultados prejudiciais duradouros para os pacientes, para os serviços e para a sociedade como um todo. Devemos lidar com isso agora.



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